O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), determinou o encerramento das negociações diplomáticas com o governo de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela). A decisão, comunicada a autoridades norte-americanas, pode abrir caminho para uma possível escalada militar, sob o argumento de intensificar o combate ao narcotráfico.
As conversas vinham sendo conduzidas por Richard Grenell, enviado especial da Casa Branca e diretor executivo do Kennedy Center, que mantinha contato com autoridades venezuelanas há meses. Segundo a emissora CNN, Trump ordenou pessoalmente o fim do diálogo na última quinta-feira (2), durante uma reunião com chefes militares. Na ocasião, ele telefonou a Grenell e instruiu que encerrasse todos os contatos com o governo de Caracas.
De acordo com os relatos, Trump demonstrou irritação diante da recusa de Nicolás Maduro em deixar o poder voluntariamente e com a negativa do regime venezuelano de envolvimento no tráfico de drogas. O governo norte-americano alega que Maduro lidera cartéis de drogas atuantes no país, acusação que o presidente venezuelano nega veementemente. Em agosto, os EUA dobraram a recompensa oferecida por sua prisão, que agora chega a US$ 50 milhões.
Ainda segundo a CNN, Trump estaria disposto a utilizar “todos os elementos do poder americano” para impedir a entrada de drogas nos Estados Unidos. A decisão ocorre em meio à pressão de senadores como Marco Rubio e aliados, que defendem uma estratégia de força para retirar Maduro do poder. Por outro lado, diplomatas norte-americanos alertam que esse caminho pode arrastar o país para uma guerra prolongada.
Em resposta à crescente tensão, Maduro declarou na segunda-feira, 29 de setembro, que seu governo está se preparando para instaurar um estado de emergência, caso ocorra um ataque militar norte-americano. Segundo ele, foi iniciado um “processo de consulta” para declarar “um estado de comoção externa, de acordo com a Constituição, e proteger nosso povo, nossa paz e nossa estabilidade… caso a Venezuela seja atacada pelo império dos EUA, militarmente atacada”.
Já na sexta-feira (3), o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou que as Forças Armadas americanas atacaram um barco em águas internacionais próximas à Venezuela, resultando na morte de quatro homens. Esta foi a quarta ofensiva registrada contra embarcações que, segundo Washington, estariam envolvidas com o tráfico de drogas.
Grenell tentava articular um acordo que evitasse um conflito mais amplo e garantisse o acesso de empresas norte-americanas ao petróleo venezuelano. No mês anterior, Maduro chegou a enviar uma carta a Trump na qual negava as acusações e pedia a retomada do diálogo. A decisão do presidente dos EUA, no entanto, pôs fim às tratativas.
Em informe recente encaminhado ao Congresso, a Casa Branca classificou os cartéis de drogas como “organizações terroristas” e declarou que os Estados Unidos estão em um “conflito armado” contra esses grupos. Com o encerramento da via diplomática, o governo norte-americano sinaliza a possibilidade de intensificar operações militares na região, inclusive com ataques dentro do território venezuelano ou mexicano.
Com informações do Poder 360