A gonorreia está se tornando cada vez mais difícil de tratar, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um novo relatório divulgado nessa quarta-feira (19), durante a Semana Mundial de Conscientização sobre a Resistência Antimicrobiana, mostra que a bactéria Neisseria gonorrhoeae vem apresentando forte resistência aos principais antibióticos usados atualmente.
Segundo a OMS, entre 2022 e 2024, a resistência às duas principais opções de tratamento aumentou de forma expressiva:
- Ceftriaxona: de 0,8% para 5%
- Cefixima: de 1,7% para 11%
- Ciprofloxacina: chegou a 95%
A resistência à azitromicina permaneceu em 4%, ainda considerada alta.
O monitoramento, criado em 2015, reúne dados laboratoriais de vários países. Em 2024, 12 nações contribuíram com informações — entre elas o Brasil — número maior que os quatro países participantes em 2022. No total, foram registrados 3.615 casos, com maior concentração no Pacífico Ocidental, especialmente em Filipinas, Vietnã, Camboja e Indonésia.
O perfil dos pacientes indica idade mediana de 27 anos. Entre os infectados, 20% eram homens que fazem sexo com homens e 42% relataram múltiplos parceiros sexuais no mês anterior. Parte também havia usado antibióticos recentemente ou viajado para fora do país.
A OMS avançou em 2024 na vigilância genômica, com quase 3 mil amostras sequenciadas, e conduz estudos sobre novos medicamentos, como zoliflodacina e gepotidacina, além de pesquisas sobre o uso preventivo da doxiciclina.
Apesar dos progressos e da entrada de novos países no programa — incluindo Brasil, Catar e Costa do Marfim — a OMS destaca desafios como financiamento insuficiente, dados incompletos e pouca informação sobre mulheres e infecções extragenitais. A entidade reforça que investimentos urgentes em vigilância são essenciais para impedir que a gonorreia se torne ainda mais difícil de tratar.
Com informações do Metrópoles












