O governo federal precisou alterar a alocação de recursos no orçamento de 2025 após estimar um rombo de R$ 9,2 bilhões decorrente principalmente das perdas dos Correios e de outras estatais. O ajuste visa manter o déficit primário dentro da meta de R$ 31 bilhões, conforme relatório bimestral de avaliação dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento.
Impacto das estatais e medidas emergenciais
Segundo o documento, a equipe econômica remanejou R$ 3 bilhões para cumprir a meta fiscal, diante do prognóstico negativo dos Correios. O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, ressaltou a gravidade do cenário: “A situação dos Correios é muito ruim, e isso tem incomodado. Quando você olha do quarto para o quinto bimestre, o resultado é muito pior do que o esperado. O caso dos Correios nos alerta para a necessidade de acompanhar mais de perto e evitar que situações assim se repitam”.
O relatório aponta que o aumento na projeção do déficit em R$ 3,7 bilhões decorre, em grande parte, da reprogramação dos Correios. A âncora da CNN Money, Débora Oliveira, destacou que a trajetória das estatais é “crescente e preocupante”, com os Correios sendo responsáveis por parte significativa da deterioração dos resultados.
Programa de reestruturação da estatal
Para tentar reverter o rombo, o governo aprovou um programa de reestruturação dos Correios, que prevê o fechamento de até mil agências consideradas ineficientes, um programa de demissão voluntária, venda de imóveis e cortes em despesas, incluindo a reestruturação dos planos de saúde dos funcionários remanescentes. Apesar disso, a empresa afirmou que manterá sua atuação no mercado de serviços postais, onde detém monopólio. No primeiro semestre, os serviços postais custaram R$ 5,4 bilhões, com déficit líquido de R$ 4,5 bilhões.
Especialistas alertam para a necessidade de medidas mais drásticas. Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, afirmou: “O ideal seria privatizar as estatais mais deficitárias, pelo menos, mas creio difícil ver esse governo indo nessa direção”.
Possíveis consequências para 2026
Caso as novas medidas não surtam efeito, a previsão é de que o prejuízo nas estatais em 2026 possa atingir até R$ 23 bilhões, o que dificultaria ainda mais o ajuste das contas públicas e a tentativa de zerar o déficit fiscal no próximo ano. A situação evidencia o desafio do governo em equilibrar o orçamento frente às perdas das empresas estatais.
Com informações da CNN Brasil











