A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou na sexta-feira passada (17) sua decisão de descartar temporariamente a possibilidade de se investigar a origem da epidemia de cólera no Haiti. O motivo é que a entidade visa dar prioridade na prevenção da doença, que já provocou a morte de mais de 2.400 pessoas e a infecção de mais de 112 mil haitianos e haitianas. Por agora, a prioridade não é investigar sobre a origem do surto, mas, evitar sua propagação e assistir aos enfermos, disse a porta-voz da OMS, Fadéla Chaib.
No entanto, os movimentos populares haitianos exigem uma investigação sobre a origem da epidemia, já que para a população são os soldados das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) os verdadeiros transmissores da bactéria da cólera.
Desde que a doença ressurgiu no Haiti, depois de um século de ter sido erradicada, a população tem realizado intensos protestos para exigir a saída do batalhão nepalês da Missão da ONU, que chegaram poucos dias antes da aparição da doença no território.
Um estudo feito pelo especialista francês em epidemia, Renaud Piarroux, confirmou que a doença foi importada e chegou ao Haiti por meio da base nepalesa da Minustah. Segundo especialistas, no Nepal também existe uma epidemia de cólera e a doença no Haiti surgiu depois que os soldados nepaleses chegaram e se assentaram na região central do país, onde os primeiros casos de cólera surgiram.
A OMS admitiu recentemente que a cólera no Haiti pode ter se originado pela contaminação do rio Artibonito, na região central do país. A entidade também reconheceu que a bactéria da cólera no Haiti é a mesma da região sudeste da Ásia, no entanto, não conseguem pesquisar de que forma a bactéria poderia ter chegado ao território haitiano.
A epidemia, que já infectou dez departamentos do país, tem desestruturado as autoridades haitianas. Além disso, o surto também já chegou à fronteiriça República Dominica, que confirmou 20 casos de cólera em seu território.
A chefe de informação da ONU em Genebra, na Suíça, Corinne Momal-Vanian, falou sobre a possibilidade de os atos terem sido politicamente manipulados devido às recentes eleições no Haiti. A Unicef também chamou atenção para que a crise eleitoral não atrapalhe na assistência aos doentes de cólera. Nas últimas semanas, o país tem vivenciado violentos protestos por conta das eleições, que já resultaram na morte de pelo menos quatro pessoas.
A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela ingestão de alimentos ou de água contaminada pela bactéria Vibrio Cholerae. Os sintomas da doença são febre alta, diarréias e vômitos intensos, que podem levar à forte desidratação e à morte.

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