No que diz respeito às finanças, a principal meta do brasileiro para 2022 pode ser resumida em uma expressão: apertar os cintos, aponta levantamento denominado Pulso Expectativa 2022, realizado pela Hibou, plataforma de pesquisas e monitoramento.

Com base no levantamento, 51% dos brasileiros disseram que planejam para este ano “economizar em tudo que puder”, enquanto 53%, declararam que vão buscar promoções na hora das compras. A pesquisa ouviu 1.800 pessoas de todos os Estados e Distrito Federal entre os dias 9 a 13 de dezembro passado. “Os brasileiros querem equilibrar suas finanças neste ano. Economizar ao máximo, usar cupons de descontos e promoções são hábitos herdados de 2021 e que vão permanecer’’, avalia Ligia Mello, responsável pela pesquisa. 

Para a professora de economia da Faculdade Promove, Mafalda Valente, desde o início da pandemia da Covid-19, em fevereiro de 2020, o brasileiro sabe que vive uma crise sem precedentes. “Mesmo quem não entendia sobre economia percebeu o momento em que estamos. Qualquer pessoa que frequenta um supermercado entendeu o que queremos dizer com ‘a inflação corrói o poder de compra’, significa que a pessoa vai ao supermercado e o dinheiro não rende, você não consegue comprar as mesmas coisas que comprava há dois, três anos atrás”, resume. 

A ansiedade da população em relação à economia é ilustrada nos números: 12,6% da população, segundo o IBGE, ainda amarga no desemprego neste ano. “Outra parcela conseguiu manter o emprego, mas precisou aceitar redução de salários, um reflexo também das empresas tentando manter as portas abertas”, afirma.

A economista frisa que, como não há perspectiva de melhora dos índices econômicos em curto prazo, o brasileiro está no caminho certo, já que o indicado é conter gastos. “A previsão do PIB (Produto Interno Bruto) para 2022 é 1%, mas isso é um cenário positivo, se não formos surpreendidos com nenhuma outra notícia ruim, por exemplo, o surgimento de uma outra variante, além da ômicron”, diz. 

A economista destaca que o brasileiro tem histórico de criatividade em gerar renda, mas que essa é a primeira crise econômica da geração de 20 a 30 anos e que esse “jeitinho” volta a ser colocado em prova em 2022. “As crises anteriores foram vividas pelos pais e avós, mas acredito que está na genética brasileira. Não vai ser incomum vermos pessoas tendo que se reinventar, com trabalhos alternativos de autônomos, monetizando um hobby, investindo em artesanato, Uber e jornada dupla de trabalho”, afirma.

Buscas por termos ligados a finanças pessoais explodem na internet

Pesquisa realizada pela Semrush, plataforma de gerenciamento de visibilidade online, reforça a evidência de que cada vez mais os brasileiros estão em busca de organizar sua vida financeira. Isso é o que mostra um levantamento referente à busca online por palavras chaves relacionadas ao tema em 2021, feito a pedido da fintech Meu Acerto, que trouxe números expressivos.

O estudo apontou, por exemplo, que mais de 1 milhão de pessoas buscaram todos os meses pelo termo “consultar CPF”. Outras expressões em destaque foram “inadimplência”, com um aumento de 49%, totalizando 28 mil buscas por mês, e “negociação de dívidas”, que teve um crescimento de 86%, apesar de poucas buscas: 3.000 por mês. Uma das maiores provas desse aumento é a busca pela palavra-chave “educação financeira”, que teve um crescimento exponencial de 300% em 2021.

Os dados referentes às pesquisas realizadas pelos usuários são, de certa forma, um retrato da inadimplência no Brasil, que alcançou 63,4 milhões de consumidores de acordo com a última edição do Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil. No total, o número de dívidas no país atingiu a marca de mais de 213 milhões em outubro, chegando ao valor de R$ 253 bilhões, segundo o levantamento feito pelo Serasa.

Fonte: Hoje em Dia

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