Sete em cada dez mulheres com câncer no Brasil são abandonadas durante o tratamento. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), divulgada em abril de 2023, revela que o abandono impacta 70% das pacientes oncológicas.

“Esse reflexo no meu consultório é muito real e chega com muito sofrimento. Algumas histórias são muito impactantes. Todas doem, mas algumas são muito doidas, porque a gente percebe que alguns abandonam a mulher ao longo do tratamento porque percebem que não vão dar conta. Também é comum traição envolvida no abandono”, explica a médica anestesiologista Meira Souza, especialista em tratamento de dor e construção de saúde.

A médica se lembra de uma paciente que vivia com um companheiro há 12 anos e, quando ela foi diagnosticada com câncer de mama e contou para ele que teria que fazer uma mastectomia, ele trocou as chaves de casa.

“Quando ela tentou entrar, ele gritava lá de dentro que ela estava louca de achar que ele iria continuar convivendo com uma mulher aleijada”, lembra Meira.

Dor da separação compromete a cura

A psicóloga do Hospital Mário Penna, Gizelle Mesquita, ressalta que, nesse momento, a mulher já convive com muitas perdas estéticas, de produtividade e até sexuais.

Ela destaca como uma separação em pleno tratamento pode comprometer o resultado do tratamento e, até mesmo, a cura da doença.

“O tratamento oncológico não é só a quimioterapia. Envolve todo seu psicossocial. E a fragilidade emocional pode diminuir a imunidade e, dessa forma, a resposta ao tratamento é pior”, explica a psicóloga.

Fonte: O Tempo

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