A cada reunião do Legislativo se acentua mais a certeza de que o Regimento Interno que ali deveria ser encarado como uma espécie de bíblia, muitas vezes não passa de um mero conjunto de normas, conceitos e preceitos, tudo muito bem compilado e dividido em capítulos, mas que, infelizmente, de uns tempos para cá, tem sido destinado apenas a enfeitar as prateleiras ou gavetas dos gabinetes.

O tal regimento sequer tem sido observado ou cumprido, especialmente quando, sua aplicação venha a interferir na solução de conflitos que, convenhamos, nem sempre carregam em si mesmos, legitimidade quanto à aceitação popular.

Foi exatamente essa a impressão dominante entre os que por dever de ofício ou até mesmo por imposição de forças superiores, assistiram as mais de 6 horas de reunião naquela “respeitável Casa Legislativa” na segunda-feira (18).

Ali, a bem da verdade, resumidamente, houve apenas uma série de demonstrações mais que inequívocas de  desrespeito ao tal Regimento, à cidadania e às mínimas regras de convivência entre as partes, muito assemelhadas  às “facções” onde cada uma a seu modo, tentava e fazia valer suas opiniões aos berros, socos na mesa e outras “cositas” mais.

Mal comparando, o que se viu na Câmara, foi algo assemelhado a uma final de campeonato, num autêntico “Fla-Flu”, com direito a torcida organizada de ambos os lados. Só faltou a charanga para animar a peleja que mais apropriadamente, deveria ser chamada de batalha. Talvez até batalha real, quando já se sabia, de antemão, que a rainha mãe, na condição de  juíza da pendenga, desde o momento em que autorizou o chute inicial, já havia dado mostras de que não tinha, como de fato não teve, pulso para controlar ou conduzir os trabalhos, fazendo valer as regras pré-estabelecidas, em especial, as que dizem respeito a prazos e que determinariam o tempo máximo da peleja, exigindo o final da tal contenda ainda que isto ocorresse sem um resultado desejado e digamos, até mesmo  pré-determinado.

A tal leitura do contido num projeto de mais de 160 páginas, seguindo-se um rito arcaico e que poderíamos considerar como natimorto, além de enfadonha e desnecessária, quer nos parecer, foi o pavio da chama que acabou se espalhando por todo o recinto e aumentou a chance do achincalhe tomar conta de tudo.

Assim sendo, o resultado final obtido foi o caos que ali se instalou e, de fato não poderia ter sido outro. Como não foi! O que se viu, mais uma vez, foi a necessidade da presença de força policial e, sinceramente, não sabemos nem mesmo informar se desta feita, houve ou não, a lavratura de algum Boletim de Ocorrência. Isto apesar das ameaças que por lá pipocaram de todos os lados.

De parte da torcida oficial, da oficiosa e dos próprios “jogadores”, o que emergiu após o escore final da partida principal, aquela que envolvia a liberação do tal cheque em branco de R$3 mi para ser sacado sabe-se lá quando e de finalidade ainda sequer definida, foi certa perplexidade com a divulgação dos números finais alcançados e que surpreenderam a todos, até mesmo os componentes da torcida contratada, quando o placar apresentou o resultado final: 5 a 4.

Um dia após a dita reunião, como de costume, ouvimos da própria presidente da Casa as razões que a levaram a mais uma vez, infringir o que determina o Regimento Interno.  Ela, com a velha sabedoria e a classe de sempre, resumiu assim sua atitude: “Uai, era preciso votar os projetos que eram de grande importância para a cidade. Realmente tive que descumprir o previsto no Regimento, porém, houve um consenso lá. Ninguém do plenário [nenhum vereador] reclamou e, vocês sabem esta não foi a primeira vez que isto ocorreu, não é mesmo?”

Concluindo dizemos: é; é sim, presidentA! Mas, também é verdade que por essa e outras, mesmo que a “responsa” tenha sido dividida pela senhora com os demais pares, nós reafirmamos aqui, com muita ênfase que: o uso do cachimbo deixa mesmo, a boca torta!

E, para sermos justos com o registro histórico dos fatos, nos permitirmos relembrar-lhe, já que a senhora, ao que tudo indica, disto não mais se lembre: a secretária da Mesa a advertiu e salvo melhor juízo, lhe questionou a respeito do descumprimento do Regimento, não foi?

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