Ainda bem que vivo no Brasil, um país onde o que está ruim sempre pode piorar. Isso é o que me dá forças para seguir em frente, mesmo porque logo atrás vem um traficante com um fuzil e, atrás dele, uma galera a fim de fazer um arrastão na minha pessoa.

Agora no Rio de Janeiro é assim: o bandido para assaltar tem que chegar cedo, pegar a senha e entrar na fila. Os cidadãos não estão dando conta da demanda. E depois ainda dizem que a Economia está em recessão. Só fica desempregado no Brasil quem é vagabundo. Se o cara quiser entrar no ramo da bandidagem no Rio de Janeiro, o que não falta é vaga. O Rio ainda é uma Petrobras antes do PT: ainda tem muito para se roubar.

Mas eis que o carioca acorda e descobre que a cidade está dominada pelo Exército. Militares ocupam pontos estratégicos da paisagem zelando pela segurança geral. Na verdade, a invasão dos milicos foi para atender a um pedido da bandidagem. A criminalidade no Rio estava demais. Já tinha bandido roubando assaltante, estuprador sodomizando sequestrador, estelionatário assassinando traficante. Uma bagunça generalizada, uma falta de respeito com o meliante. Afinal, tradicionalmente, no Rio de Janeiro o crime sempre foi muito organizado. Quando o governador era o Sérgio Cabral, o crime funcionava feito um relógio. Mas o relógio era Rolex, e acabaram roubando também.

Com o Exército nas ruas, tudo voltou ao normal. Graças a Deus! É bonito de ver os traficantes confraternizando com os soldados, tirando selfie e comparando para ver quem tem o fuzil mais bacana. A mulherada também fica louca com a rapaziada fardada. Agora, além da Maria Chuteira, tem a Maria Cartucheira.

Mas as autoridades vão mais longe! Vão lançar mais um programa de inclusão social, um programa para acabar com o problema da Bala Perdida. Vamos acabar com as balas perdidas. Toda vez que alguém encontrar uma Bala Perdida, deverá encaminhá-la à Casa da Bala Perdida, onde ficará guardada até ser encontrado um alvo que a abrigue.

Agamenon Mendes Pedreira é foragido da Injustiça.

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