A greve de servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chega ao 13º dia nesta segunda-feira (4), com efeitos no atendimento prestado em ao menos 21 estados e o Distrito Federal. Os profissionais protestam por melhores condições de trabalho e, durante a paralisação, usuários não sabem o que fazer para ter acesso aos benefícios e serviços.

Segundo informações do INSS, são analisados, mensalmente, cerca de 751 mil pedidos de benefícios. Além disso, o número de novos requerimentos mensais é de 674 mil processos, indicando aumento na demanda.

De acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Fenasps), 70% da categoria aderiu ao movimento. Segundo a categoria, o INSS tem déficit de 22 mil servidores. No caso de médicos peritos, a cobrança é pelo preenchimento de 3 mil vagas.

Atualmente, existem 3.411 médicos peritos no Brasil. Desse total, 2.853 estão em atendimento em todo o país, segundo a Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP).

Serviço prejudicado

A jornalista Maria do Carmo Rezende, de 67 anos, recolhe a aposentadoria mensalmente em uma agência de Belo Horizonte, mas, neste mês, percebeu que faltavam cerca de R$ 1,5 mil. Ela foi informada que o valor corresponde à mensalidade de dois empréstimos feitos em nome dela, mas desconhece as transações. Resolver esse problema em meio à greve vem se tornando grande desafio para ela.

“Registrei o boletim de ocorrência porque não faço ideia de onde surgiram esses empréstimos, tudo indica que estão usando meu nome na praça. Daí pediram para protocolar pessoalmente no INSS, mas com a greve eu não consegui. Me sinto em um beco sem saída”, lamenta.

Sem o protocolo, a jornalista afirma que não é possível investigar qual problema aconteceu, e consequentemente, ela ainda precisa arcar com o prejuízo em um primeiro momento. “Pediram para agendar pelo 135, mas não consegui por esta fora do ar. Pedem horas de espera para ligar de novo e tentar marcar, mas nunca está funcionando”, completa.

Maria do Carmo conta que passou uma manhã inteira na agência do INSS, mas sem sucesso. Além do problema com a fraude, ela lamentou ver tantas pessoas precisando, mas que não tinham um posicionamento ou resolução com o Instituto.

“Tinha gente falando que pagou mais de R$ 40 em aplicativo de transporte e, quando chegam aqui, só podem reagendar o serviço. Está um transtorno, todos perdendo viagem e sem saber direito como proceder”, afirma. Ela deve acionar a Justiça para reaver o dinheiro e ingressar ação por danos morais.

Para não causar possíveis prejuízos aos segurados, segundo o INSS, quem precisar reagendar o atendimento terá como referência para a data original da perícia o dia do início da greve dos médicos peritos, ou seja, dia 30. O órgão confirmou que manterá o esse dia como sendo a Data de Entrada do Requerimento (DER). Essa regra, segundo o INSS, não vai prejudicar o segurado na hora do pagamento do benefício, como o auxílio-doença, por exemplo.

Reivindicações

A paralisação começou um dia após o início da greve dos médicos peritos que atuam nos postos da Previdência Social. Assim como os demais servidores públicos federais, eles reivindicam recomposição salarial de 19,9% para repor a inflação de 2019 a 2022, manutenção da jornada de trabalho em 30 horas semanais, valorização da carreira do Seguro Social, rediscussão de metas e mudança no modelo de gestão vigente no INSS.

No caso dos peritos, é citada ainda a fixação do número máximo de 12 atendimentos presenciais como meta diária. Ambas as categorias cobram a realização imediata de concurso público.

 

 

Fonte: Hoje em Dia

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