Em visita oficial à capital indonésia nesta quinta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, formalizaram uma série de memorandos e acordos de cooperação em áreas como agricultura, energia, comércio, educação, defesa, ciência e tecnologia. A assinatura dos documentos ocorreu durante encontro bilateral que reforçou a aproximação entre os dois países.

Em declaração conjunta à imprensa, os chefes de Estado destacaram a convergência de posições sobre temas internacionais, como a situação em Gaza, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e o papel do Brics na defesa dos interesses do Sul Global.

Lula confirma candidatura em 2026

Durante o discurso, Lula anunciou que pretende disputar um quarto mandato presidencial nas eleições de 2026. “Vou disputar um quarto mandato no Brasil. Digo isso porque ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano. Mas eu estou preparado para disputar outras eleições e tentar fazer com que a relação entre Indonésia e Brasil seja por demais valorosa”, afirmou.

O presidente brasileiro ressaltou que os acordos assinados caminham no sentido de aprofundar a parceria estratégica com a Indonésia. “É quase inexplicável, para as nossas sociedades, como é que dois países importantes no mundo, como Indonésia e Brasil, com quase 500 milhões de habitantes, só tenham um comércio de US$ 6 bilhões. É pouco”, disse. “Por isso, vamos fazer um esforço muito grande para trabalhar muito para que Indonésia e Brasil se transformem em dois parceiros fundamentais na geografia econômica do mundo”, completou.

Segundo dados do Palácio do Planalto, a Indonésia foi o quinto maior destino das exportações do agronegócio brasileiro em 2024. Lula reconheceu que “são valores ainda tímidos” diante do potencial dos dois mercados consumidores.

Parceria estratégica e comércio bilateral

O presidente indonésio, Prabowo Subianto, também destacou o fortalecimento da relação bilateral. “Brasil e Indonésia são duas forças econômicas cada vez maiores, que fortalecem o sul global”, afirmou. Para ele, trata-se de uma “parceria estratégica e sinergética entre países complementares”, ambos membros do Brics e do G20. “Hoje assinamos acordos significantes”, declarou.

Prabowo estimou que o comércio entre os dois países pode alcançar US$ 20 bilhões nos próximos anos. Como gesto de aproximação, anunciou que o português será incluído entre as línguas prioritárias no sistema educacional indonésio, “a fim de cultivar essa relação”.

Foto: Agência Brasil

Convergência diplomática

Lula destacou que, diante do aumento do protecionismo global, Brasil e Indonésia têm condições de demonstrar ao mundo a capacidade de defender interesses econômicos com diálogo e respeito mútuo. “Nossos governos estão unidos contra o genocídio em Gaza e continuarão a defender a solução de dois Estados como único caminho possível para a paz no Oriente Médio”, afirmou.

Prabowo reforçou que os dois países têm “comportamentos semelhantes em assuntos como os dos conflitos na Palestina e na Ucrânia”. Lula reiterou a defesa de uma reforma integral do Conselho de Segurança da ONU, apontando a “falta de representatividade e presente paralisia” da entidade. Ele também destacou a importância crescente do Brics como plataforma de defesa dos interesses do Sul Global.

“Além disso, sabemos que não há desenvolvimento sustentável sem superar a fome e a pobreza. A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada durante a presidência brasileira do G20, contou desde o início com o apoio da Indonésia”, acrescentou.

Foto: Agência Brasil

Moedas locais e multilateralismo

O presidente brasileiro defendeu uma relação comercial justa e equilibrada. “Indonésia e Brasil não querem uma segunda Guerra Fria. Nós queremos comércio livre. E, mais ainda: tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas”, afirmou.

Para ele, essa liberdade de usar as próprias moedas nas trocas comerciais “já devia ter acontecido”. “O século XXI exige que tenhamos a coragem que não tivemos no século XX. Exige que a gente mude alguma forma de agir comercialmente para não ficarmos dependentes de ninguém”, argumentou.

“Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo. Nós queremos crescer, gerar empregos. Emprego de qualidade, porque é para isso que fomos eleitos para representar o nosso povo”, completou.

Defesa e energia

Os presidentes também demonstraram otimismo quanto às oportunidades no setor de defesa. “O Brasil possui sólida base industrial militar e está disposto a contribuir para as necessidades estratégicas da Indonésia, em particular de sua Força Aérea”, disse Lula.

Na área energética, o diálogo incluiu a gestão soberana de minerais críticos, essenciais para a transição energética. “A cooperação na área de mineração poderá avançar com maior institucionalidade no âmbito do memorando que nossos ministros de Minas e Energia assinaram”, afirmou.

Com informações da Agência Brasil

 

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