O Brasil vai realizar o teste em seres humanos de uma nova vacina contra a versão do vírus HPV mais ligada ao câncer de colo de útero. Ao contrário das imunizações disponíveis atualmente, esta não apenas previne o vírus, como combate células já atingidas. Os testes serão realizados pelo Instituto Ludwig no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
O HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum do mundo. Embora, na maioria dos casos, ela não gere sintomas especialmente graves em homens, em mulheres o vírus causa sérias lesões que podem levar à formação de tumores e facilitam a contaminação pelo HIV, causador da Aids. Dos 30 tipos conhecidos de vírus HPV, 13 estão ligados ao câncer de colo de útero. Desses 13, apenas dois respondem por cerca de 70% dos casos. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer, vamos acabar o ano de 2007 com 21.725 novos casos de câncer de colo de útero e 7 mil óbitos.
A vacina que será testada por aqui já foi avaliada em laboratório, na Alemanha, e em animais, nos Estados Unidos ? ambas as vezes com sucesso. Agora, o Brasil vai receber as doses para o ensaio clínico, que testará a segurança e a efetividade do medicamento em um grupo de mulheres jovens com infecções persistentes.
Os testes serão realizados em São Paulo e as pacientes que participarão do estudo serão selecionadas pelos cientistas não apenas no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mas também em outros hospitais do país.
De acordo com a médica Luísa Lina Villa, que lidera os estudos da vacina no Instituto Ludwig, é muito difícil precisar quando exatamente a imunização deve chegar ao mercado brasileiro. Ela afirma, no entanto, que deve levar com certeza mais de cinco anos.
Para o diretor científico global do Instituto Ludwig, o inglês Andrew Simpson, a vacina é resultado ?do maior avanço contra o câncer dos últimos 20 anos?. ?É uma grande vitória para a ciência?, diz Simpson, um dos pioneiros do trabalho do Genoma Humano.
A nova vacina não apenas evita o surgimento do HPV, mas também seria capaz de tratar pequenas lesões iniciais. ?Ela não vai funcionar em um câncer já estabelecido, mas pode ser capaz de vencer pequenos tumores e pequenas lesões do vírus?, explica Villa.
Além de estudar o funcionamento do medicamento, os pesquisadores estão lutando também para que a vacina chegue ao mercado, se passar nos testes, o mais barata possível. ?Uma vacina para ser viável em um país em desenvolvimento não pode custar mais que US$ 10 por dose. Temos vacinas na casa dos US$ 400 a dose. Isso não pode acontecer?, diz a cientista.

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