Os técnicos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) estão na etapa de conclusão dos estudos de viabilidade econômica que vão permitir à concessionária definir novos investimentos na construção de usinas geradoras de energia a partir da força dos ventos, conhecidas como eólico-elétricas. Em seis meses, o cronograma de implantação da primeira unidade em caráter comercial da empresa poderá ser discutido com parceiros da iniciativa privada, revela o engenheiro de tecnologia e especialista em energia eólica da Cemig, Alexandre Heringer Lisboa. A usina será implantada num ponto ainda em fase de estudos da Serra do Espinhaço, Região Leste de Minas, fronteira recente de pesquisas para o desenvolvimento da fonte complementar à geração hidrelétrica.
A Cemig já recebeu investidores italianos e americanos interessados no potencial do Brasil em energia eólica. Um dos mais fortes candidatos ao novo empreendimento é o grupo europeu EDP. Os resultados do levantamento dos chamados sítios eólicos no estado são mantidos em sigilo, mas os técnicos já concluíram que a Serra do Espinhaço poderá se transformar no maior parque gerador dessa fonte de energia fora do litoral brasileiro. ?A busca do parceiro para a nova usina passa pela empresa que apresentar disponibilidade de entrega de equipamentos com qualidade e eficiência reconhecidas?, afirma Alexandre Lisboa.
O Plano Decenal de Expansão de Energia 2007/2016, traçado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, lista a energia eólica entre as opções ?aceitáveis? de fontes renováveis no país, ao lado do álcool combustível (etanol) e do biodiesel, uso de óleos vegetais na produção de diesel. Há 15 usinas eólicas em operação no Brasil, distribuídas pela costa, nos estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, à exceção de Morro do Camelinho, unidade experimental da Cemig em Gouveia, no Vale do Jequitinhonha. A potência disponível do conjunto dos empreendimentos é de 237 megawatts, representando apenas 0,2% do total do sistema elétrico.

Primeira empresa a ligar uma geradora eólica no sistema interligado de energia, a concessionária mineira mantém desde 1994 a usina de Morro do Camelinho, que tem quatro geradores com potência de 250 quilowatts e capacidade de geração de energia de 1,4 mil megawatts/hora por ano, o suficiente para iluminar 750 residências. Com o novo projeto, a Cemig tem ambições bem maiores, favorecidas por uma corrida mundial contra o efeito estufa e os altos preços do petróleo e derivados. Segundo o engenheiro Alexandre Lisboa, o projeto está sendo desenhado para uma usina moderna, com capacidade instalada entre 20 e 30 megawatts, o bastante para iluminar 25 mil residências, ou atender a necessidade de cerca de 100 mil pessoas por energia.
Custos em análise
Os custos de produção da usina eólica ainda estão em análise e dependem da velocidade dos ventos. ?Numa região onde a força dos ventos for duas vezes superior a outro local, pode-se obter energia quase oito vezes mais barata?, afirma o engenheiro Alexandre Heringer Lisboa, da Cemig. Estima-se que, a uma velocidade de ventos de nove metros por segundo, a energia será competitiva frente à geração hidráulica. Só a construção de uma usina eólica tem sido calculada em valores próximos de R$ 4 mil por quilowatt instalado para a unidade começar a produzir
.Além das vantagens para a preservação do meio ambiente, a energia eólica pode ser gerada durante todo o ano, complementando a geração hidrelétrica justamente nos meses de baixa vazão de água nos reservatórios, entre julho e novembro. Esses empreendimentos consistem na instalação de torres que vão sustentar o gerador eólico à altura capaz de captar os melhores ventos e uma subestação que vai coletar a energia e levá-la até a rede de transmissão. Nas áreas em estudo na Serra do Espinhaço, os ventos têm origem no Oceano Atlântico. São locais de terrenos acidentados e de grande altitude, acima de 1,2 mil metros em relação ao nível de mar.

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