O destino do fazendeiro Antério Mânica, acusado de ser mandante da Chacina de Unaí, será decidido nesta sexta-feira (27), quarto e último dia do julgamento na Justiça Federal, no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

A sessão de hoje se inicia com o debate entre acusação e defesa. Inicialmente, a acusação terá 1h30 para fala. Mesmo tempo será dado à defesa. Em seguida, a acusação decide se abrirá réplica e eventual tréplica. 

Após o debate, os jurados se reúnem para votar, e a juíza Raquel Vasconcellos anunciará a sentença, o que deve ocorrer ao longo da tarde desta sexta-feira. 

Assistente de acusação, o advogado e ex-promotor Roberto Tardelli diz esperar um “debate de alto nível”. “Vamos dividir a acusação com promotores experimentados que vão saber se colocar, a defesa também é muito qualificada” declarou.

“O resultado do júri é sempre uma imprevisibilidade, porque falamos de sete pessoas, com sete universos diferentes, com sete inventários de vida diferentes”, completou. 

Advogado de defesa, Marcelo Leonardo pede a absolvição de Antério. “Assim como é um absurdo o que aconteceu em Unaí, é um absurdo condenar quem é inocente” afirmou. 

A sessão dessa quinta-feira (26) terminou com o depoimento de Antério. O réu exerceu direito parcial de silêncio e não foi interrogado pela acusação. Respondeu apenas à defesa, aos jurados e à juíza. Ele alega inocência. 

Ao longo do julgamento foram ouvidas 19 testemunhas, sendo 12 de acusação e cinco de defesa (um depoente foi dispensado), e dois réus confessos. Também foram apresentadas imagens e áudios envolvendo os assassinatos.

Relembre o crime

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do trabalho João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada na região rural de Unaí, no Nooeste de Minas Gerais.

À época, o trio investigava denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. O crime ficou conhecido como Chacina de Unaí.

Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes foram condenados por serem “pistoleiros” contratados. As penas, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediários do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

O ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal como mandantes do crime.

A sentença deles saiu em 2015, com cada um pegando pena de 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica.

Em virtude da anulação, o ex-prefeito terá que ser submetido a novo julgamento, que deve acontecer nesta semana.

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

Fonte: Hoje em Dia

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