O general Julio Cesar de Arruda assumirá o comando do Exército na sexta-feira (30), dois dias antes da posse presidencial. Escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a função, o oficial terá como primeira missão acabar com o acampamento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no entorno do Quartel-General do Exército, em Brasília. Os militantes não aceitam o resultado das eleições e pedem intervenção militar.
As informações são do Estado de S. Paulo. Em reportagem, o jornal diz que a expectativa no entorno de Lula é que, com a troca no comando, mude imediatamente o tratamento dado aos manifestantes extremistas, pois o acampamento, em área militar, passou a ser classificado por futuros ministros já indicados como “incubadora” de terroristas e de atos violentos.
Segundo apuração da Polícia Civil do Distrito Federal, ocorreram no acampamento preparativos de um atentado a bomba no aeroporto de Brasília, frustrado no sábado (24) por ação das forças de segurança locais. A ideia era que a explosão provocasse a decretação de estado de sítio e uma intervenção militar, a fim de impedir a posse de Lula, segundo o empresário de 54 anos preso ainda no sábado, que confessou o plano. No apartamento onde estava hospedado na capital, policiais encontraram um arsenal de armas de fogo e quatro bombas prontas.
Do acampamento também saíram, segundo os investigadores, extremistas que incendiaram carros e ônibus, tentaram empurrar um ônibus de um viaduto, depredaram uma delegacia, tentaram provocar explosões com botijões de gás e invadir a sede da Polícia Federal. Os atos que levaram caos à capital federal ocorreram horas após a diplomação de Lula, em 12 de dezembro. O estopim foi a prisão de um líder indígena investigado por outros atos antidemocráticos.
Nessa segunda-feira (26), o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, delegado Júlio Danilo, disse ao Estadão que planeja desmobilizar ainda nesta semana a concentração no entorno do QG. Lula disse a parlamentares há algumas semanas que uma de suas primeiras ordens aos futuros comandantes das Forças Armadas era encerrar o quanto antes os acampamentos no entorno de quartéis pelo País.
“Eles (Exército) fizeram um movimento na semana passada de tentar ir desmontando barracas, já ir desocupando, mas eu acredito que nesta semana vai se intensificar isso daí. Nós temos constante contato com eles, com o Exército, para que a gente possa avançar nisso”, disse Danilo.
A data da passagem no Comando-Geral do Exército já foi combinada internamente entre o futuro comandante e o atual, Marco Antônio Freire Gomes, nomeado por Jair Bolsonaro. O futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, também está ciente da data, de acordo com o Estadão.
Em carta assinada com os comandantes da Marinha e da Aeronáutica, Freire Gomes havia manifestado apoio à realização das manifestações, desde que sem “excessos”, apesar do clamor por um golpe de Estado. Orientou ainda o generalato a não apoiar explicitamente, tampouco a tentar retirar com uso da força os acampamentos no QG e em frente a unidades militares pelo País.
Os três comandantes haviam sinalizado a intenção de deixar o cargo antecipadamente, em dezembro, mas foram demovidos de sair antecipadamente à revelia do gabinete de transição. O brigadeiro Baptista Junior, comandante da Força Aérea, já convidava para a cerimônia em 23 de dezembro, mas por intervenção de Múcio e oficiais adiou para 2 de janeiro. O almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, combinou com integrantes do almirantado que transmitiria o cargo em 5 de janeiro. O atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, marcou a cerimônia de despedida do cargo para 29 de dezembro.
Fonte: O Tempo