A Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), deflagrou nesta semana a Operação Alquimia, com ações em 24 empresas localizadas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Entre os alvos estão companhias do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de metanol.

O objetivo da operação é rastrear a origem do metanol comercializado no país e compará-la com amostras coletadas em bebidas alcoólicas falsificadas apreendidas. O Ministério da Saúde já confirmou oito mortes por intoxicação por metanol, substância altamente tóxica, presente em produtos adulterados.

A Operação Alquimia é um desdobramento das investigações iniciadas nas operações Boyle e Carbono Oculto, que revelaram um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Agora, há fortes indícios de que esse mesmo produto esteja sendo desviado para a fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto risco à saúde pública.

Cadeia de produção sob suspeita

As investigações apontam que importadores são responsáveis pela entrada do metanol no país, utilizando-o em processos industriais e revendendo para empresas químicas. Em terminais marítimos, grandes volumes do produto são armazenados antes de seguir para fábricas ou clientes finais. Em casos de venda a terceiros, o despacho ocorre diretamente dos terminais.

Empresas químicas, por sua vez, compram o metanol para uso próprio ou revenda. Segundo a PF, há indícios de que algumas delas tenham desviado parte do produto, retirando-o da cadeia regular de produção.

Destilarias também estão na mira da operação. Elas teriam adquirido metanol por meio de empresas conhecidas como “noteiras”, com notas fiscais que indicavam caminhões e motoristas que nunca chegaram aos destinos informados — o que sugere fraude documental.

Além disso, usinas e distribuidoras de etanol anidro e hidratado estão sendo verificadas por atuarem em pontos estratégicos da cadeia, considerados fundamentais para rastrear lotes adulterados ou irregularidades na destinação do produto.

Riscos à saúde e prejuízos bilionários

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o metanol deve estar presente em bebidas alcoólicas em níveis inferiores a 0,1%. Mesmo o limite de 0,5% permitido em combustíveis já é suficiente para causar danos graves à saúde, o que torna proibido seu uso na fabricação de bebidas.

O Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) estima que os prejuízos causados ao setor de bebidas alcoólicas por práticas como adulteração, falsificação, contrabando e produção clandestina já somam R$ 85,2 bilhões, incluindo perdas com sonegação de tributos.

Foto: Receita Federal

Com informações do Itatiaia

 

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