Em dezembro do ano passado, abordei enfaticamente a revolução na oncologia que a nova Política Nacional do Câncer (PNC) representa para o Brasil. Ela foi apresentada naquele mês pela Comissão Especial de Combate ao Câncer, por meio de seu presidente o Deputado Federal Weliton Prado e a relatora, a Deputada Federal Silvia Cristina. A PNC foi desenhada com o objetivo de rever e reverter pontos essenciais que merecem reflexão, propondo alterações e revisões da política de combate à doença no Brasil, dando ênfase às soluções mais equilibradas, acessíveis e coerentes para que o paciente oncológico seja positivamente impactado.

Hoje, trago outra importante reflexão: para que a revolução efetivamente aconteça, é essencial a implementação de um amplo e estruturado plano de ações de comunicação. Somente e unicamente com informação qualificada e fortemente disseminada a PNC terá sucesso.

Quando falo em estruturar um plano de comunicação, não me refiro somente à conscientização da população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer; orientações sobre os principais fatores de risco; os sintomas e sinais de alerta; a relevância dos exames preventivos; quais os tratamentos disponíveis, seja para os pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ou pela saúde suplementar; além das orientações sobre a reabilitação, que tem sido negligenciada como vimos recentemente casos de mulheres que esperam há sete anos por uma cirurgia de reconstrução das mamas, fundamental para a recuperação da autoestima e da dignidade.

Faz-se necessário, também, a disponibilização de programas de educação e capacitação para profissionais de saúde; o engajamento de membros do Parlamento para apoio aos Projetos de Lei que beneficiem o paciente oncológico e vontade política para que gestores públicos fortaleçam o que vai bem e reestruturem o que não funciona. Ainda e fundamentalmente, que tenhamos disponíveis e amplamente divulgados dados fidedignos sobre o cenário do câncer no Brasil, pois vivemos no escuro com a subnotificação dos números da doença e duplicidade de prontuários devido à locomoção de pacientes entre centros de referência, somente para citar dois exemplos.

A comunicação contribuirá também para desmistificar o câncer e reduzir o estigma e o medo associados à doença. Muitas pessoas ainda acreditam que o câncer é uma sentença de morte e que não há cura ou tratamento eficaz, o que pode levar à falta de adesão aos programas de prevenção primária e secundária e ao tratamento. A informação adequada possibilita esclarecer esses mitos e mostra que o câncer pode ser tratado com sucesso em muitos casos, desde que detectado precocemente.

A comunicação sempre foi para mim e para a organização que fundei e presido, o Instituto Lado a Lado pela Vida, o cerne do sucesso de nossas ações, como é o caso do Novembro Azul, criado por nós e que graças à comunicação estruturada e constante tornou-se domínio público e é a maior campanha em prol da saúde do homem no Brasil.

Não podemos esquecer que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2030 as doenças oncológicas serão a primeira causa de morte no planeta e é fato que o Brasil seguirá essa tendência estatística. Aliás, já caminha nesse sentido, pois temos hoje em nosso país cidades em que o câncer já mata mais do que as doenças cardiovasculares, até então as campeãs em letalidade.

Sendo assim, reforço que somente comunicando conseguiremos que a nova Política Nacional do Câncer saia do papel e alcance sua meta de reduzir significativamente a incidência e a mortalidade pela doença, bem como para a melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas pelo câncer, que efetivamente não é mais uma sentença de morte, mas uma doença crônica controlável e, em inúmeros casos, curável.

 

 

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