Um recurso bastante usado na ficção cientÍfica para ultrapassar as astronômicas distâncias entre os sistemas solares é a suspensão da vida. Todas as estrelas que enxergamos a olho nu estão muito próximas, a mais distante, Denebe, está a apenas 2 mil anos-luz.

Desacelerar bastante os processos fisiológicos vitais permitiria que um ser humano voltasse a viver, com a mesma idade e as mesmas condições físicas, centenas de anos depois, quando sua nave chegasse a outro sistema planetário. Em uma das primeiras ficções que assisti na TV foi “Odisseia para Além do Sol”, com Roy Thines, de “Os Invasores”, durante a odisseia ele ligava dois equipamentos nas veias dos braços e dormia por alguns meses.

Os cientistas ficaram muito animados com a descoberta de um organismo multicelular microscópico que voltou à vida depois de estar congelado na Sibéria por 24 mil anos, de 23.960 a 24.485 anos segundo a datação por radiocarbono. Esse animal é o já conhecido rotífero bdeloide, encontrado no rio Alayeza, no Ártico russo. Esse estado de latência é conhecido como criptobiose. Depois de descongelado, ele reproduziu-se assexuadamente. A descoberta foi publicada na revista Current Biology.

Pesquisas feitas anteriormente já apontavam que esses animais podiam sobreviver congelados por até dez anos. Rotífero tem origem no latim, roda, por causa dos cílios que rodeiam a boca destes animais e que se movem para capturar o alimento.

Os rotíferos bdeloide são encontrados em ambientes de água doce em todo o mundo. Eles são conhecidos por sua capacidade de resistir a situações extremas como radiação, pouco oxigênio, fome, alta acidez e desidratação.

Cientistas das universidades Austral e Católica do Chile decidiram investigar se os humanos poderiam hibernar como os ursos, tendo em vista as viagens pelo espaço sideral que deverão durar mais do que uma vida.

Como os seres humanos não hibernam naturalmente, a equipe analisou o metabolismo durante a hibernação em uma série de mamíferos, de morcegos a ursos, e descobriu que um grama de tecido em um morcego tem um metabolismo semelhante a um grama de tecido em um urso, quando estão hibernando, apesar do urso ser 20.000 vezes maior.

Estimando o provável metabolismo de um ser humano hibernando, com base em nossa própria massa, eles constataram que economizamos mais energia dormindo do que economizaríamos se estivéssemos hibernando.

Infelizmente, a conclusão desses cientistas é que é improvável que a técnica de hibernação funcione para os humanos porque não economizaríamos energia suficiente. Animação suspensa para viagens espaciais pode nunca ser possível. Ao menos como hibernam os ursos.

Mas nem tudo está perdido, pesquisadores da ESA – Agência Espacial Europeia acreditam que a suspensão da vida será essencial para que missões para Marte sejam bem-sucedidas. Atualmente, os grandes centros médicos possuem protocolos para induzir hipotermia em pacientes de trauma. Os cientistas começam a estudar os mecanismos de desaceleração do metabolismo em animais e, mais adiante, em pacientes humanos. A conferir.

COMPATILHAR: