Os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores afirmaram em nota, neste domingo (2), que o governo trará de volta ao Brasil todos os brasileiros que se encontram em Wuhan – a cidade mais afetada pela epidemia de coronavírus na China – e que manifestem desejo de retornar.

No comunicado, as pastas afirmam que o governo “adota todas as medidas necessárias”. Assim que chegarem no Brasil, esses cidadãos serão submetidos a quarentena “de acordo com os procedimentos internacionais, sob a orientação do Ministério da Saúde.”

O governo afirma, ainda, que a Força Aérea Brasileira trabalha na elaboração do plano de voo da aeronave que será enviada à China – “possivelmente fretada”, segundo o texto.

Por conta da distância, atualmente, o Brasil não tem rotas de voo direto para a China. Os aviões, em geral, fazem escala nas principais capitais europeias. Na sexta, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou que isso poderia ser uma complicação adicional para a repatriação dos brasileiros.

Detalhes como a data, o itinerário e o protocolo para que os cidadãos manifestem o interesse de retornar ao Brasil ainda não tinham sido divulgados até a publicação desta reportagem. Segundo o governo, a Embaixada do Brasil em Pequim ficará responsável por esses trâmites.

O comunicado afirma, ainda, que duas brasileiras que também têm nacionalidade portuguesa já conseguiram sair de Wuhan, em um voo francês que transportou cidadãos da União Europeia. Elas farão quarentena em Portugal. A identidade delas não foi divulgada.

Pedido de ajuda

Na manhã deste domingo, brasileiros que moram em Wuhan gravaram um vídeo de apelo ao presidente Jair Bolsonaro.

Na gravação (veja abaixo), os brasileiros leem uma carta aberta em que pedem ajuda do governo para deixarem a China e retornarem ao Brasil. Eles frisam que estão dispostos a, se necessário, ficarem em quarentena.

Na sexta (31), após reunião com ministros no Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que ainda não tinha uma estratégia clara para o resgate dos brasileiros porque a operação “custava caro”, e porque o Brasil não tem uma lei de quarentena em vigor.

“Custa caro um voo desses. Na linha, se for fretar um voo, acima de US$ 500 mil o custo. Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas precisa de aprovação do Congresso”, declarou. O presidente descartou a ideia de editar uma medida provisória para agilizar esse trâmite.

Em resposta, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmaram que o Congresso dará “total apoio” à retirada dos brasileiros das regiões afetadas na China. E que, se preciso, votarão projetos em regime de urgência para viabilizar os voos.

“Se esta for a decisão do governo, e o governo entender que existe urgência, e ele [Maia] concorda que existe, o governo tem instrumentos para organizar o orçamento”, declarou Maia em uma nota. Sobre a criação de uma lei de quarentena, o deputado afirmou: “‘O governo pode mandar a lei e a Câmara votará com urgência”.

Neste domingo, o presidente do Senado deu declaração semelhante.

“Acho que não tem nenhum impasse sobre isso. São brasileiros, e se nós pudermos fazer esse gesto de buscar esses brasileiros, colocarmos em um quartel ou em uma base militar para cumprir essa quarentena, não necessariamente precise de uma lei”, afirmou.

 

Fonte: Matéria do G1||https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/02/02/coronavirus-brasil-trara-todos-os-brasileiros-que-quiserem-sair-de-wuhan-na-china-diz-defesa.ghtml
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