A memória e a história das 272 vítimas da tragédia de Brumadinho – que no dia 25 de janeiro completou seis anos -, ficarão eternizadas no Memorial ‘Nunca Esqueceremos’, inaugurado pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG) em solenidade realizada nesta sexta-feira (31). Em meio a dor, o sofrimento e a saudade que apertam o coração dos familiares, o monumento representa um símbolo de respeito e honra àqueles que partiram na catástrofe.

A estrutura abriga uma estátua, em tamanho real, de um bombeiro militar – chamado de ‘Homem de Lama’ – com a cabeça baixa, ajoelhado e em posição de respeito e oração em frente a uma placa com os 272 nomes das vítimas que se foram. Além disso, o monumento possui elementos de grande intensidade, que demonstram a magnitude da catástrofe: um verdadeiro cenário de guerra, onde havia toneladas de rejeito de minério e materiais extremamente pesados em meio às vítimas.

Para o CBMMG, a imagem do ‘Homem de Lama’ ajoelhado não é apenas um gesto de respeito, é um emblema de reverência às joias, vítimas da tragédia e de gratidão aos militares que com coragem e compaixão se lançaram ao resgate, mesmo diante de um cenário devastador. É um testemunho de que, em meio ao caos, a humanidade pode se erguer com dignidade e solidariedade.

De acordo com o Tenente-Coronel Rafael Cosendey, subcomandante da Academia dos Bombeiros, o memorial foi pensado de uma maneira muito específica no trabalho realizado pelos bombeiros, em um cenário que retrata a missão de Brumadinho. “Neste memorial, temos uma parede que simula o próprio barramento que foi rompido, o rejeito do minério e diversos materiais e equipamentos que foram trazidos lá da operação, como pneus de caminhões que pesam 90 toneladas. Também temos o eixo e a roda de um trem e pedras muito pesadas, elementos que demonstram, realmente, a magnitude daquele desastre e o quão difícil foi a operação e o cenário que enfrentamos”, afirmou.

O Tenente-Coronel destacou que a atuação dos militares em Brumadinho serve como base de ensino para os novos bombeiros que chegam na academia anualmente. “O que sempre queremos passar para eles são os ensinamentos e aprendizados que vivemos em tragédias como aquela, que nós queremos que nunca mais se repita. Os novos bombeiros precisam estar preparados para atuar na prevenção de possíveis desastres no futuro”, pontuou Cosendey.

Emoção e dor para uma mãe
No olhar de Jacira Francisca Costa, mãe de Tiago Costa, mecânico da Vale morto na tragédia aos 32 anos, a emoção e as memórias do filho permanecem vivas. Ela diz estar feliz pela homenagem às vítimas e que esse memorial seja o primeiro e o último a ser construído. “É inadmissível que 272 pessoas morram devido a uma tragédia que foi um crime. As vidas daqueles que se foram eram nossos bens mais preciosos e não devem jamais ser esquecidas. Queremos que ninguém mais venha a passar por isso e que nenhuma tragédia como essa aconteça novamente”, declarou Jacira.

 

Fonte: O Tempo

COMPARTILHAR: