Ao olhar no telhado, uma surpresa. Ou, nem tanto. A cada dia que passa, os paineis solares passaram a se tornar um item a mais nas paisagens das cidades. A energia solar, como um todo, está mais presente na casa dos mineiros. E também em alguns prédios públicos, como, por exemplo, duas unidades de saúde e alguns prédios ligados à secretaria de educação de Itinga, no Vale do Jequitinhonha Dados do mês de setembro da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostram que a Minas Gerais é o estado que mais tem geração de energia solar instalada no país. 

O território mineiro responde, sozinho, por 18,1% de todo o parque brasileiro de energia solar na modalidade e possui 101.606 conexões operacionais, espalhadas por 843 cidades. O número corresponde a impressionantes 98,8% dos 853 municípios. Hoje, são 137.269 consumidores de energia elétrica que utilizam uma fonte renovável e que está disponível quase todo o tempo. 

Mas a pegada ambiental não é o único detalhe que fez com que Itinga, município com 15 mil habitantes, instalasse paineis solares na Policlínica Santa Edwiges e na Estratégia de Saúde da Família (ESF) Novo Horizonte. O investimento, de R$ 464 mil, também visa uma economia a longo prazo. É o que afirma a secretária de Saúde, Emmanuela Moreira Aguilar.

“Se considerarmos o aumento da tarifa de energia elétrica (média de 10% por ano), a revisão tarifária (a cada quatro ou cinco anos), estimamos que o tempo de retorno desse investimento hoje seja de três anos e sete meses”, afirma.  Hoje, o consumo de energia elétrica nas unidades de Itinga está em torno de 11.000 kWh por mês. Com a luz do sol, a economia deve chegar R$ 10.780,00 todos os meses (próximo de 90% do valor que é pago atualmente, segundo estimativa da prefeitura).

“Com um projeto bem dimensionado, o sistema fotovoltaico pode contemplar grande parte do consumo do imóvel. Assim, esse investimento tem por finalidade, gerar uma economia financeira significativa para o munícipio de Itinga, como também, contribuir positivamente para com o meio ambiente. É um projeto que, se confirmada a nossa expectativa de economia, pode ser levado para outros prédios públicos também”, garante.

Por quê Minas se destaca?

A forte incidência solar em todas as regiões e a política de não taxar a geração de energia por meio do sol são fatores que explicam a alta pela procura no estado. Desde 2012, a geração própria de energia solar significou R$ 5,8 bilhões em investimentos, 34,2 mil empregos gerados e a arrecadação de mais de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos. Para Bruno Catta Preta, coordenador estadual da Absolar em Minas Gerais, o avanço da energia solar no país, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil. 

Ele também vê isso como uma ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do país, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos, ainda mais em um tempo de seca e estiagem como a que temos enfrentado. 

“Minas Gerais é um importante centro de desenvolvimento da energia solar. A tecnologia fotovoltaica representa um enorme potencial de geração de emprego e renda, atração de investimentos privados e colaboração no combate às mudanças climáticas”, afirma. O presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, também aposta nessa linha: a energia solar ajuda a população e empresas a se protegerem dos fortes aumentos nas contas de luz e contribui para a sustentabilidade do país. “Além disso, as usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, aponta.

Energia solar compensa?

Hoje, a instalação de um kit completo para geração de energia solar fica entre R$ 12 mil a R$ 20 mil, dependendo do tamanho da casa e do consumo de energia elétrica. Várias linhas de financiamento permitem pagar em prestações. Os financiamentos, aliás, foram criadas exclusivamente para incentivar a adoção à energia sustentável. “O investimento se paga entre três a cinco anos, dependendo, claro, do consumo. Até uns anos atrás, isso demorava oito anos. A tecnologia tem avançado, e o olhar do poder público sobre a necessidade de termos energia sustentável fez com que os preços caíssem, e o retorno aumentasse”, explica Sauaia. 

Os paineis solares têm duração estimada em 50 anos, dependendo das condições e da manutenção que é dada. Paineis solares instalados no início dos anos 2000 devem começar a ser trocados agora, uma vez que a tecnologia mudou. Mas existem outras soluções, como a “energia por assinatura”. Esse é um dos investimentos que está sendo realizado agora em Minas Gerais – R$ 8 milhões são para a construção de duas usinas solares na cidade de Iguatama, no Centro-Oeste. 

Funciona assim: as usinas solares (como as de Iguatama) geram energia, e os créditos que são disponibilizados (já que não há consumo) são “revendidos” para os consumidores.  “O serviço de assinatura de energia solar tem crescido muito, afinal, você não precisa gastar muito para instalar os paineis solares, além do baixo custo do serviço e redução nas despesas com tarifas da conta de luz. A economia média desses contratos deve ser de até 21% para os consumidores”, explica Ramon Oliveira, diretor do Grupo Gera, responsável pelas assinaturas.

Fonte: Estado de Minas

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