O deputado estadual Professor Cleiton (PV) associou o processo de concessão do Rodoanel Metropolitano ao que foi apurado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Cemig, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Em uma postagem nas redes sociais, o deputado chamou o leilão do edital do Rodoanel de “absurdo” e disse que a denúncia feita por um ex-colaborador do governo estadual – de que a concessão poderia gerar R$ 90 milhões para campanhas eleitorais em Minas, equivalente a 3% do valor que o Estado vai investir na obra – se assemelha muito ao que foi realizado na Cemig e que foi alvo de investigação de uma CPI no Legislativo Mineiro.

“É inacreditável que essa concessão possa gerar R$ 90 milhões para campanha eleitoral do Partido Novo em Minas Gerais. Tal situação foi revelada pelo site O Tempo, após denúncia de um ex-colaborador do próprio governo mineiro! O modelo de operação, por parte do governo de Minas, é o mesmo que foi identificado na CPI da Cemig. Agora fica claro o motivo do escandaloso contrato de mais de R$ 1.1 bilhão com a IBM e, consequentemente, a subcontratação de empresas que já prestavam serviços para Cemig. Assim, fica fácil abrir mão do Fundo Partidário, né, Partido Novo? Um absurdo! Um tapa na cara do cidadão mineiro!”, publicou Cleiton em suas redes sociais.

Em conversa com a reportagem do portal O Tempo, o deputado explicou por que fez essa associação entre o caso do Rodoanel e o que foi levantado pela CPI da Cemig.

“Essa questão do Rodoanel faz com que a gente a associe ao que foi levantado na CPI da Cemig. Porque o contrato com a IBM foi o caso mais escandaloso e escabroso de todos. Um contrato de R$ 1,1 bilhão para que a IBM realizasse alguns serviços que tradicionalmente já eram feitos por algumas empresas do Estado. E a IBM subcontratou essas empresas. Parece o mesmo modus operandi que está acontecendo com o Rodoanel. E essa concessão gera essa desconfiança”, disse à reportagem.

O deputado também afirmou que o leilão do edital, marcado para a próxima sexta (12), deveria ser adiado. Nessa terça (9),o PV de Minas ingressou com uma ação na Justiça Eleitoral pedindo a suspensão do leilão por suposto abuso de poder político. Até as 17h30 de hoje (10), não havia uma decisão.

“Isso aí (o leilão) é um caso explícito de crime eleitoral. Essa pressa para fazer isso, sem diálogo com os prefeitos, com representantes da sociedade civil, com a imposição de um traçado que é criticado por todos, levanta dúvidas. Por si só, essa denúncia feita por O TEMPO deveria ter manifestação por parte da Justiça para travar esse leilão e que se esclarecesse a denúncia. Não pode começar uma obra com tantas suspeitas e desconfianças, o que pode resultar em ações judiciais que travariam a obra”, enfatizou.

A denúncia 

Segundo o ex-colaborador do governo que fez a denúncia, a necessidade de rapidez para realização do leilão viria do compromisso de receber em troca da concessão um valor capaz de financiar, com tranquilidade, campanhas eleitorais que vão acontecer este ano e, depois, no desembolso de R$ 3 bilhões provenientes da Vale, além de outras quantias milionárias.

O ex-colaborador do Estado ouvido pelo portal O Tempo afirma, sem, contudo, garantir provas cabais, que parte dos cerca de R$ 90 milhões (3% do valor inicial destinado pelo Estado ao Rodoanel) já teria sido adiantada e garantida através de títulos que vencem em agosto. As outras partes seriam assumidas no transcorrer do processo eleitoral.

Porém, não são todos os integrantes do primeiro escalão que estariam de acordo com essa engenharia perigosa. Nos bastidores, há quem defenda adiar o pregão na Bolsa de Valores São Paulo (B3), pois, caso aconteça, o negócio se daria por consumado.

Fonte: O Tempo

 

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