O ritmo de desmatamento em Minas Gerais caiu 29,3% no período entre 2005 e 2007. As perdas passaram de 77,6 mil hectares/ano para 54,8 mil hectares/ano. Os dados fazem parte do Mapeamento da Cobertura Vegetal de Minas Gerais, estudo encomendado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) à Universidade Federal de Lavas (Ufla), que será apresentado nesta terça-feira durante abertura do 2º Congresso Mineiro de Biodiversidade (Combio), no Expominas.
Pela primeira vez, a publicação mostra quais são as atividades econômicas desenvolvidas em áreas desmatadas de Minas. Em primeiro lugar está a pecuária, seguida por reflorestamento, agricultura e carvoaria. Nos últimos dois anos, houve redução de um terço no ritmo da perda de mata nativa em áreas de produção de carvão ? Norte e Alto Jequitinhonha ?, que já foram consideradas críticas. Agora, os índices de desmatamento mais preocupantes estão na Região Noroeste, especialmente no entorno de Arinos e João Pinheiro, perto da divisa com Goiás, trechos de intensa atividade agropecuária.
A queda no ritmo da devastação é motivo de comemoração entre os gestores do meio ambiente no estado. Mas, para o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, José Carlos Carvalho, os números ainda são considerados altos. ?Precisamos ter muita responsabilidade para não relaxar os esforços de controle e fiscalização. A perda de mata nativa ainda é elevada, por isso precisamos continuar trabalhando duro?, afirma.
No biênio analisado, Minas perdeu uma área equivalente a cerca de 109 mil campos de futebol, a maior parte pertencente ao bioma cerrado. A perda de 50 mil hectares/ano é considerada baixa quando comparada ao contexto dos anos 90, quando o IEF chegava a autorizar, em um único ano, o corte de 500 mil hectares. O estado mantém aproximadamente 33% de vegetação nativa original preservada.
A queda no ritmo do desmatamento ocorreu em período de manutenção ou alta dos preços das commodities agrícolas (produtos vendidos em larga escala, cujo preço é determinado pela oferta e procura internacional), como soja e açúcar. ?Normalmente, a devastação cai quando há redução da produção agrícola, o que não ocorreu. Houve queda drástica do desmatamento em regiões de maior fiscalização, que estão sob monitoramento contínuo dos órgãos ambientais?, afirma o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Humberto Cavalcanti.
Para o secretário José Carlos Carvalho, entre os fatores que contribuíram para a redução está a aprovação, na Assembléia Legislativa, da Lei 15.972/06, que alterou a estrutura dos órgãos de meio ambiente e adotou penalidades mais rigorosas para crimes ambientais. Carvalho destaca, também, a contratação de 500 técnicos de nível superior para reforçar o trabalho de licenciamento e fiscalização e a reorganização da polícia. ?Criamos o comitê gestor de fiscalização integrada, que reúne órgãos ambientais e polícia. Formamos 16 companhias independentes de polícia ambiental?, conta.
Até 2010, o estado promete integrar mil militares aos quadros da polícia de meio ambiente. Um helicóptero para fiscalização das áreas verdes já foi comprado. Para Carvalho, os maiores desafios do governo de Minas são diminuir, ainda mais, o ritmo de desmatamento e reforçar o investimento em políticas públicas ?que criem alternativas de renda e emprego para população mais pobre, que sobrevive da produção de carvão vegetal?.

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