Dias atrás, foi divulgada uma análise feita pelo professor de sociologia da Universidade de Maryland, Philip Cohen, que constatou que o número de divórcios nos Estados Unidos da América caiu 18% entre os anos de 2008 e 2016.
Os novos dados mostram que os casais mais jovens estão se relacionando de forma muito diferente da geração “baby boomers” (geração dos nascidos após a Segunda Guerra Mundial até a metade da década de 1960), que se casaram jovens, divorciaram logo e se casaram novamente repetindo o processo com novas separações. A geração X (nascidos nos anos 1960 até o final dos anos 1970) e, especialmente, a geração do milênio (em torno dos anos 2000) estão mais exigentes na escolha do cônjuge e casando-se quando estão mais velhos, quando a educação, as carreiras e as finanças estão bem.
Os demógrafos já sabiam que a taxa de divórcio estava caindo, mas não sabiam, no entanto, a causa. E ainda resta a dúvida o que essa tendência atual significa para as perspectivas conjugais dos que se casam hoje.
Uma hipótese é que as taxas de divórcio estão caindo em grande parte por causa de outras mudanças demográficas, especialmente uma população que está envelhecendo. As pessoas mais velhas são menos propensas a se divorciarem. A análise de Cohen dos dados da pesquisa do Censo Estadunidense, no entanto, sugere que algo mais fundamental está ocorrendo. Mesmo quando se consideram fatores como a idade, a taxa de divórcio caiu.
Porém, a taxa de casamento também caiu nas últimas décadas, o que poderia explicar, mas Cohen calcula a taxa de divórcio como uma proporção em relação ao número total de mulheres casadas. Então, o declínio da taxa de divórcio não é um reflexo de um declínio nos casamentos. Pelo contrário, é uma evidência de que os casamentos de hoje têm uma chance maior de durar mais do que os casamentos dez anos atrás.
Quando se analisa pela idade, fica claro que são os mais jovens, da geração X, que se divorciam menos porque os “baby boomers” continuaram a se divorciar em taxas anormalmente altas, chegando até os 60 e 70 anos. De 1990 a 2015, de acordo com o Centro Nacional de Pesquisas em Família e Casamento, a taxa de divórcio dobrou para pessoas entre 55 e 64 anos e até triplicou para os americanos de 65 anos ou mais. Os resultados de Cohen sugerem que essa tendência pode ter se estabilizado na última década, mas os “baby boomers” ainda estão se divorciando em taxas muito mais altas do que as gerações anteriores em idades semelhantes.
Cohen ainda mostrou que menos pessoas estão casando, e são essas o tipo de pessoa que menos se divorcia. Para ele, o casamento é cada vez mais uma conquista de status. E muitos americanos, os mais pobres e menos instruídos, estão optando por não se casar. Eles estão vivendo juntos e, muitas vezes, criando filhos juntos. E os estudos mostraram que essas relações de coabitação são menos estáveis do que costumavam ser.
Um número menor de divórcios, portanto, é um sinal do crescente abismo de desigualdade na América. O casamento está se tornando uma instituição mais durável, mas muito mais exclusiva.

 

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