Podemos discutir milhões de razões do desemprego no país, no estado, no município, onde quiser. O fato é que temos 12 milhões de desempregados no Brasil e aproximadamente  um e meio milhão em Minas. O desemprego não é estatística, são pessoas, famílias, crianças. São nossos vizinhos, amigos, conhecidos. E há uma parte triste do desemprego: a falta de perspectiva de emprego. Ou seja, você não o tem hoje, mas também você não o terá amanhã. E essa doença do tecido social atinge a todas as idades, não discrimina nem pela raça e nem pela cor.

As ilusões de que mudança do governo, política fiscal austera, nova política econômica e combate a corrupção vão mudar a perspectiva individual, são enganadoras. Neste momento, tudo é prioridade, mas criar oportunidades de trabalho, não é prioridade de nenhum governo e de nenhum político. Fala-se de tudo, mas não se fala de como vamos resolver esse, que é o maior problema  social e, consequentemente, econômico do Brasil.

Mas mesmo não tendo uma liderança que mude esse cenário, talvez próprio cenário, por milagre se mude sozinho e aí, muita coisa pode ser feita. Começamos pela requalificação profissional. Esse papel cabe essencialmente aos serviços de educação e sociais dirigidos pelos empresários, ou seja o Sistema S (SENAI, SESI, SESC, SENAC, SENAR, SENAT, SEBRAE). Estão eles, com honrosas exceções, cumprindo seu papel e ajudando as pessoas a se requalificarem e encontrarem seu lugar no mercado de trabalho ? Os modelos de educação que adotam são, na maioria, do século passado, sem a qualidade e velocidade necessárias para se adaptarem ao mercado. Mesmo sendo entidades dirigidas por empresários, têm pouco diálogo com o mercado e investem seus recursos mais em projetos megalomaníacos de interesse de grupos dirigentes, do que em criação de oportunidade de emprego.

O SEBRAE é outra historia. Apesar de ser possuidor da mais bem sucedida tecnologia de criação de empregos qualificados, testado na Alemanha com sucesso, que é a empresa simulada, só usa isso na Escola Técnica de Formação Gerencial. Não, essa tecnologia poderia ser  usada como um instrumento fundamental na criação de novos empregos, empresários e requalificação profissional. Nunca alguém mediu o efeito da mudança de desempregado para empreendedor do ponto de vista econômico. Se os novos empreendedores não forem bem preparados, mesmo que mudem para serem motoristas de Uber, os problemas só serão aprofundados mais adiante, e não resolvidos.

A grande massa de desempregados não pode se tornar empreendedora. Não há espaço econômico para todos, e eles tem que ser nossa preocupação maior. Cabe urgentemente no espaço econômico um projeto que inclua políticas de fortalecimento das empresas existentes, criação de novos empreendimentos, atração de novos investidores, e requalificação e educação de mão de obra. Desçam (os políticos e lideranças empresariais e sindicais)do pedestal de projetos megalomaníacos e bons para alguns, e comecem a resolver os problemas das pessoas desesperadas à procura de uma simples oportunidade: trabalho.

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