Já estamos em maio, mês das noivas, dia das mães e também tempo de ver pedacinhos do cometa Halley no céu. Apesar de ter passado por aqui em 1986 e só retornar em 2062, o cometa Halley dá o ar da graça duas vezes por ano.

Todo cometa, ao se deslocar pelo Sistema Solar, deixa atrás de si um rastro de partículas pequenas, compostas basicamente de gelo e poeira. São partículas minúsculas, na grande maioria das vezes, mas sempre ficam algumas pedrinhas pequenas também. Os núcleos dos cometas podem ser resumidos como grandes pedaços de gelo sujo, ou seja, corpos com grandes quantidades de gelo em que poeira e pequenas rochas se agregaram ao longo de bilhões de anos.

Resultados recentes mostram que os núcleos dos cometas não são tão coesos como se pensava antes, o que favorece a perda de material durante sua viagem pelo espaço. E o que acontece é exatamente isso, especialmente quando um cometa se aproxima do Sol. Aqueles que cruzam a órbita de Júpiter em direção ao Sol, já recebem uma quantidade de radiação solar suficiente para causar a sublimação do gelo de água, ou seja, gases se evaporam direto do gelo e começam a formar cauda e coma.

Coma, muito antigamente chamada de ‘cabelereira’, é uma nuvem de gases emitidos pelo núcleo e que o envolve sem dar chance para que o vejamos. Apesar disso, é por causa do coma que conseguimos observar cometas, pois a nuvem, além de ser muito maior do que o núcleo, reflete muito mais luz. Já a cauda se forma de modo a se estender pelo espaço por milhões de km, dando aquele aspecto tão peculiar que estamos acostumados. Além do gelo de água, os núcleos cometários são constituídos de gelo de gás carbônico (o famoso gelo seco), monóxido de carbono e amônia, principalmente.

Pois bem, quando a Terra cruza a órbita de algum desses cometas que chegam mais perto do Sol, acaba atravessando a esteira de partículas que se desprenderam do núcleo. Como efeito, vemos um aumento na atividade de meteoros riscando os céus de noite. São as chamadas ‘chuvas de meteoros’. Se você já teve a oportunidade de observar o céu em locais bem escuros, já deve ter visto uma ou outra ‘estrela cadente’. As estrelas cadentes nada mais são do que poeira ou pequenas partículas capturadas pela gravidade terrestre que queimam ao cruzar a atmosfera. De modo geral são eventos esporádicos, mas quando ocorre da Terra interceptar a trilha de um cometa, a atividade de meteoros aumenta muito e temos uma chuva de meteoros. São grãos de poeira, pedrinhas de gelo e até mesmo lixo espacial. Em alguns casos, as partículas são grandes o suficiente para sobreviver ao aquecimento intenso e atingem a superfície. Quando isso ocorre, eles são chamados de meteoritos.

Neste final de semana a Terra deve atravessar justamente a trilha de particulado deixada pelo cometa Halley, dando origem a chuva de meteoros Eta Aquarídeos. O nome vem do ponto do céu em que os meteoros parecem surgir, neste caso, perto da estrela eta da constelação do Aquário. Na verdade, isso já está ocorrendo mais ou menos desde o dia 19 de abril e deve persistir até 20 de maio. Só isso já basta para aumentar o número de avistamentos de meteoros, mas seu máximo deve ocorrer na madrugada desta sexta-feira (4) para sábado (5).

Mapa do céu: saiba como ver pedaços do cometa Halley — Foto: Cássio Barbosa/Stellarium

Para ver os meteoros, você não precisa (nem deve) usar qualquer instrumento. Telescópios ou binóculos restringem muito o campo visual e você irá perde-los, já que eles cruzam o céu. Procure um lugar escuro (e seguro) e leve uma cadeira de praia, isso evita um torcicolo pela manhã. Posicione-se de frente para o leste para aumentar as chances de ver algum meteoro surgir.

Você pode começar a qualquer hora depois do anoitecer, existem outros chuveiros ativos e a chance de ver alguma coisa não é pequena. Mas a constelação de Aquário e o radiante da chuva nascem por volta das 2 da manhã e já às 02:30 estão visíveis, o que melhora bastante as chances de observar um meteoro dessa chuva em particular. Este ano são esperados entre 30-40 meteoros por hora, mas além de ser uma previsão teórica, essa é uma taxa para condições ideais de observação. A Lua vai contribuir com as condições este ano, pois estará em sua fase de nova.

Eta Aquarídeos é uma das melhores chuvas para se observar do hemisfério sul, além de representar uma chance de ver pedacinhos do Halley riscando o céu. Durante a espera você ainda poderá ver Júpiter e Saturno no céu. Aí sim, você poderá se divertir com um pequeno instrumento. Se você tiver condições, não deixe de tentar!

 

 

Fonte: G1||

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