Uma carta enviada ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por quatro ex-governadores do estado expressa forte oposição à proposta de locação do Palácio da Liberdade para eventos privados. O documento, divulgado em 24 de setembro de 2025, foi assinado por Eduardo Azeredo (1995‑1998), Aécio Neves (2003‑2010), Antonio Anastasia (2011‑2014) e Fernando Pimentel (2015‑2018). A manifestação ocorre cinco dias após uma portaria da Fundação Clóvis Salgado autorizar o uso privado do palácio.
Resistência e significado simbólico
Na carta, os ex-governadores lembram que o Palácio da Liberdade é um Patrimônio Histórico do Estado e que já foi sede do governo estadual antes da mudança para a Cidade Administrativa. Também chegou a servir como residência oficial de diversos governadores ao longo do tempo. Segundo o grupo, a autorização para aluguéis privados causou “inegável surpresa”.
Eles afirmam que a decisão autoriza que o símbolo maior do poder público estaduais deixe sua função essencial e se torne “cenário de exibição de interesses privados”. Embora reconheçam que o palácio já tenha sido usado para manifestações culturais e sociais, essas sempre partiram de iniciativa oficial, com “reconhecido caráter de interesse público”.
Os ex-governadores manifestam preocupação de que a medida resulte em uma “banalização” da edificação, que hoje integra o Circuito Liberdade de Belo Horizonte. A carta reforça que a oposição não é motivada por viés político ou partidário, mas por defesa da integridade e significado histórico do local.
O que a portaria permite
A portaria publicada em 19 de setembro de 2025 autoriza a utilização de áreas internas e externas do Palácio da Liberdade como o alpendre, hall de entrada, escadaria principal, Sala Rosada, Sala Vermelha, torreões, cinema, tenda e jardins — para eventos públicos institucionais e privados. Entre os eventos listados estão casamentos, aniversários, confraternizações, coquetéis, lançamentos de produtos e produções audiovisuais.
Apesar da crítica levada à público pelos ex-governadores, até o momento o governo de Minas não havia emitido resposta formal. A matéria aguarda eventual posicionamento oficial.
A carta dos ex-governadores reacende o debate sobre a preservação histórica e o uso de bens públicos. Ao se manifestarem contra a locação privada do Palácio da Liberdade, os signatários reivindicam que o edifício continue a cumprir função simbólica e institucional, não se transformando em espaço mercantilizado, rompendo com seu papel tradicional como espaço de representatividade e memória estadual.
Com informações do jornal O Tempo