As fake news, como o boato de que uma receita natural poderia garantir proteção contra a febre amarela, podem ter influenciado as metas de vacinação no Brasil. Essa é a opinião da epidemiologista franco-americana Laurence Cibrelus, chefe da estratégia de combate à doença dentro da Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com a técnica da OMS, o ideal seria que atualmente cerca de 80% da população brasileira estivesse vacinada. O número, contudo, está em torno de 55%. Segundo a epidemiologista, as fake news podem ser um dos fatores que influenciaram essa meta.

As notícias falsas, entretanto, são apenas um aspecto que pode explicar as metas da vacinação no Brasil. Outro ponto é que a vacinação no país foi feita de forma escalonada – com os municípios mais vulneráveis ao risco sendo priorizados para o recebimento da vacina. Na medida em que os lotes de vacina foram disponibilizados, o Brasil passou a considerar a vacina em todo o território nacional.

Em entrevista ao G1, na sede da OMS, em Genebra, Laurence disse que, apesar dos esforços, as autoridades de saúde no Brasil encontram dificuldades em reverter “informações falsas”  tanto sobre a dose integral da vacina como a fracionada, que passou a fazer parte da campanha de vacinação em São Paulo.

“Foi uma situação muito complicada no Brasil. Houve muita desinformação e comunicação falsa. O que foi intensificado pela discussão sobre a dose integral ou fracionada”, disse.
Para a epidemiologista, a maior parte da desinformação acontece por meio das redes sociais. Essas fake news teriam se espalhado rápido demais, “com desinformação, de que a vacina inteira é perigosa e que as doses fracionadas são fracas”.

Outras notícias falsas que circularam foi a de que mutações poderiam alterar eficácia nas vacinas ou de que tomar propólis poderia repelir mosquito transmissor da doença.

Elogio à dose fracionada

Laurence frisa que a vacinação é a única maneira de as pessoas se prevenirem individualmente contra o vírus. Ela elogiou o fato de o Brasil ter implementado doses fracionadas da doença, como forma de imunizar o maior número de pessoas num curto espaço tempo.

“Os benefícios de usar a vacina sobrepassam os riscos de qualquer efeito colateral em potencial. Os efeitos colaterais são raros, são bem conhecidos. A vacina tem contraindicação para grupos muito específicos. A vacina é segura e a vacina fracionada é eficaz. Essa é a mensagem que precisa ser passada”, afirma.
A estratégia liderada por ela prevê a eliminação da epidemia em humanos de febre amarela na América Latina e na África até 2026.

São três as principais áreas de trabalho da OMS: proteger as populações em áreas de risco (com vacinação e monitoramento constante); prevenir que ela se espalhe entre os países e conter surtos como os do que aconteceram recentemente em cidades brasileiras.

“A febre amarela não será erradicada. O vírus circula na natureza, infecta macacos e é transmitido pelos mosquitos. O que os humanos podem fazer é se proteger se vacinando”, salientou.

 

Fonte: G1||https://g1.globo.com/bemestar/noticia/fake-news-tiveram-influencia-na-vacinacao-contra-a-febre-amarela-no-brasil-diz-chefe-da-oms.ghtml

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