Manifestantes contrários à falta de policiamento nas ruas de Vitória protestaram na tarde dessa terça-feira (7), fechando parte da avenida Maruípe, em frente ao quartel do comando-geral da Polícia Militar. Familiares de policiais estão acampados no local desde sábado (4), impedindo a saída dos PMs.

Sem patrulhamento, houve inúmeros saques e episódios de violência em cidades da Grande Vitória. Segundo o Sindicato dos Policiais Civis, foram registrados 87 homicídios desde o início da manifestação, na sexta-feira (3). Somente na segunda, a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos em Vitória registrou mais de 200 ocorrências.

Em meio à onda de crimes, seis homens de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, se aproveitaram da situação, mas acabaram presos nessa terça-feira (7), em Vila Velha, com diversos aparelhos eletrônicos entre celulares, tablets e câmeras digitais que foram roubados em lojas no litoral capixaba. Numa abordagem da Guarda Municipal, os homens disseram que eram viajantes e estavam perdidos. Desconfiados, os agentes fizeram uma busca no veículo, um Fiat Palio com seis passageiros, sendo quatro deles no banco de trás, e encontram dois revólveres calibre 38, 13 munições intactas, além dos eletrônicos e outros itens.

Um dos criminosos confessou que foi até o Estado para se aproveitar do caos. “Viemos roubar mesmo e divertir na praia. Mas só pensamos em roubar. Esses produtos não são nossos”, alegou.

Manifestação

 Na tarde dessa terça-feira (7), um grupo contrário à falta de policiamento nas ruas se formou na frente do quartel. Os manifestantes colocaram fogo em pneus, o que gerou confusão. O Exército, que está na região desde segunda-feira, interferiu nos protestos para apagar o fogo e liberar a avenida. Foram usadas bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Protestos contra o movimento de familiares de policiais também foram observados em Guarapari.

PMs são proibidos pela Constituição de realizarem greves. Mas familiares têm impedido que os policiais deixem os batalhões em protesto por reajuste salarial, entre outras exigências.

A Justiça determinou o fim do movimento. No caso de descumprimento da ordem, foi fixada multa diária de R$ 100 mil às associações de policiais militares. 


Secretário

Bloqueio a batalhões é ‘teatrinho’

O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, classificou como “chantagem” o movimento que tirou policiais militares das ruas do Estado. Ele prometeu que haverá punição aos responsáveis e disse que a presença de mulheres de PMs em frente aos batalhões “não passa de teatrinho”.

Nessa terça-feira (7) apenas 500 policiais militares foram às ruas em todo o Estado. Em circunstâncias normais, o efetivo seria pelo menos quatro vezes maior apenas na Grande Vitória.

“A cena é inusitada, muitas vezes ridícula, com dois ou três gatos pingados”, comentou Garcia. “Estamos diante de um movimento que está manchando a imagem de quase 200 anos da Polícia Militar no Espírito Santo”, disse.

Garcia disse que “a situação está se normalizando” e deve voltar ao normal nesta quarta-feira (9), quando todo o efetivo previsto de homens das Forças Armadas (1.000) e da Força Nacional de Segurança (200) deverão estar atuando na Grande Vitória.

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