A mãe do menino Davi, de 5 anos, assassinado pelo próprio pai na quarta-feira (1º) ainda não consegue acreditar que perdeu o “amor da sua vida”.

“Ele (Davi) achou que o pai havia ido lá vê-lo porque estava com saudades”, contou Nicole Nayara Dias, de 28 anos. Após avistar Manoel, Davi foi atingido por um tiro. A criança foi sepultada às 15h desta quinta-feira (2).

Conforme a Polícia Militar, o garotinho teve quatro paradas cardiorrespiratórias e não sobreviveu à quinta. O homem viajou da cidade onde vivia (Serro) até o município de seu filho, Claro dos Poções. Todos acreditavam que se tratava de uma visita.

O pai ainda acertou Jhonatas, o namorado da ex-companheira e, em seguida, tirou a própria vida. A tragédia ocorreu no momento em que Jhonatas chegava com a criança no CEMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Tia Naza. Nicole detalhou que, ao ver a aproximação de Manoel, de 52 anos, Jhonatas correu com Davi para entrar na unidade escolar. Porém, o esforço foi inútil, já que o vigia foi ameaçado de morte, e o homem conseguiu entrar na escola. Davi chegou a pedir o auxílio do porteiro, após ter visto a arma, dizendo: “Tio, me ajuda”, conforme relato de moradores.

Criança amorosa

Emocionada, a mãe relata que Davi sempre foi amoroso. “Meu filho tinha cabelos cacheados enormes e loiros. Ele era igual um anjo. Ele era inteligente. Ele era amigável com todo mundo, abraçava todo mundo. Tanto que ele achou que o pai estava com saudades dele”.

Manoel já havia dado, segundo Nicole, vários sinais de que poderia tomar alguma atitude violenta. Por um ano, a mulher tinha, inclusive, uma medida protetiva em desfavor do homem. Ela já havia relatado aos militares da cidade, que tem pouco mais de 7 mil habitantes, que sofria agressão.

“Eu nunca o proibi (Davi) de conversar com o pai. Foi um pai maldoso, que o sequestrou duas vezes. Não me ajudava em nada. Só queria me atingir. Ele sempre falou que quando a gente fosse atingir alguém, a gente tinha que focar no lado mais sensível. Foi isso que ele fez. Ele matou o amor da minha vida, o meu menino, o meu mundo”, desabafou.

Um policial militar da cidade confirmou, sob a condição de anonimato, que o homem nunca aceitou o fim do relacionamento e tinha ciúmes da relação de Nicole com Jhonatan.

Nicole não sabe o que será de sua vida daqui para frente. “Todo dia ele dizia que me amava. E agora? Como vai ser? Agora não tem mais nada. A única coisa que posso fazer é reclamar da falta de proteção que tive de todo mundo. Não quero que isso aconteça com nenhuma mãe mais. Queria o meu filho na minha casa, gritando, bagunçando. Agora, peço a Deus para me levar o mais rápido possível. Eu só quero chegar na minha casa, deitar na minha cama e dormir. Eu não quero mais nada”, lamenta.

Mãe considera que não foi acolhida

A jovem reclama que não conseguiu a ajuda necessária para evitar o pior. “Clamei por Justiça, por proteção. Me expus na internet pedindo ajuda. Avisei que isso poderia acontecer. O Conselho Tutelar me ajudou, mas desconfiava de mim e acreditava nas palavras dele (Manoel)”. Ela revelou ainda que um irmão de Manoel, que trabalha na prefeitura da cidade, a incomodava.

Nicole afirma ainda que nenhum representante da escola a procurou antes de postar sobre a morte do filho na internet. “Só postaram na internet para mostrar que estão me apoiando. Apoio que estou tendo é dos meus amigos e da família, e de gente de fora, que eu não conheço”, reclama.

Fonte: O Tempo

 

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