O volume útil do Lago de Furnas é de 94,43%, marca que não era atingida há 11 anos. A hidrelétrica está com os vertedouros abertos desde a metade de janeiro e, mesmo com o aumento da vazão, segue com grande volume, além de ter atingido 767,3 metros acima do nível do mar.

São 1,5 m³ por segundo que descem pela barragem de Furnas, em São José da Barra. O cenário não era visto há anos, pois a última vez que a Usina Hidrelétrica de Furnas abriu as comportas para controlar o nível da água foi em 2012.

Onze anos depois, a ação foi necessária outra vez devido ao grande volume de chuva na bacia do Rio Grande nas últimas semanas.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a abertura das comportas ajuda a regular o volume de água dos cursos dos rios e reduzir o impacto das vazões elevadas. Ainda assim, a população que vive às margens da represa precisa ficar atenta.

“A população ribeirinha tem que ficar atenta. Estamos aumentando a vazão e faz muito tempo que isso não acontecia. Muitas das áreas de várzea, as áreas próximas aos cursos d’água estão sendo ocupadas e as pessoas podem se surpreender. Na história isso mostra muita gente morrendo, ilhada em situações como essas”, explicou o professor da Unifei Afonso Henrique Moreira Santos.

Hoje, o Lago de Furnas está em 767,3 metros acima do nível do mar, cinco metros a mais do que determina a cota 762.

“Porque, então, não encher mais e atingir 100%? Nós temos que tem um volume de espera, um volume que é uma reserva, que de repente, há uma chuva muito grande e intensa, o volume de água chegando ao reservatório, o vertedouro não seria capaz de passar aquela água. Portanto, preciso ter o volume de atenuação, esse volume que vai segurar a água, sem levar risco à população e também à segurança estrutural da barragem. É muito importante não deixar a água chegar ao nível de galgar a barragem, o que poderia ocasionar um acidente catastrófico”, pontuou o professor.

Chuvas de janeiro

O diretor do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajuá (Unifei), Marcelo de Paulo Correa, explicou que, ao contrário do que parece, o mês de janeiro teve mais chuvas que o normal. Segundo ele, os últimos anos é que registraram menos chuvas.

“Este mês de janeiro ele teve chuva um pouco acima da média na região. Ele não é o janeiro mais chuvoso dos últimos 10 anos. Tivemos nos últimos três anos meses de janeiro com chuva abaixo da média. Essas chuvas que caíram em 2023 fizeram com que neste mês tenhamos o que é esperado de chuvas para este verão”, falou o diretor.

“Essas chuvas foram um alento para os reservatórios. Tivemos alguns anos de muita estiagem, diminuição da disponibilidade hídrica e, consequentemente, preocupação com a água para o uso cotidiano, geração de energia e todas as necessidades. Esperamos que essas chuvas, que têm sido recorrentes, sejam suficientes para que os reservatórios atinjam os níveis mínimos adequados. É muito difícil fazer uma estimativa para o inverno, mas esperamos que este ano não tenhamos um sufoco em relação à disponibilidade hídrica”, finalizou.

Fonte: G1 Sul de Minas

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