O homem é produto do meio! Acredito que todos já tenham lido ou ouvido isso. Ao chegar aos 16 anos, perguntei-me: mas quem faz o meio? E eu mesmo respondi: o homem! Ou seja, a partir daquele momento, não importava o que o meio fizera comigo, eu criaria o meio que me cercava e as condições que me fariam um ser humano melhor.
Desde tenra idade, tenho por hábito refletir sobre minha vida, o que eu fiz, o que fizeram comigo, o que deveria ter feito e o que fazer, sempre desejando melhorar. O desentendimento constante de meus pais criava um ambiente pouco acolhedor, mas ainda tinha motivos para ter orgulho de meus pais e familiares. Minha mãe queria os que os filhos respeitassem as mulheres como iguais, os familiares de meu pai eram criativos em ferramentas, em mecânica e eletricidade, aliás, a profissão de meu pai.
Sempre fui inconformado com o que há de ruim no mundo, lembro-me que, desde que aprendi a ler, folheava as revistas em busca de artigos de psicologia. O comportamento humano sempre me fascinou. Devorava as Reader’s Digest. Ficava encantado com a tecnologia.
Em 1970, um grande amigo de meu pai comprou uma televisão e nos convidou a assistir a final da Copa, Brasil versus Itália, ao vivo, mas em preto e branco. Meu pai se animou e comprou uma TV e eu ganhei uma janela para a NASA e as viagens espaciais para a Lua “via satélite” (ao vivo).
Eu morava perto da biblioteca que ficava na prefeitura de Catanduva, interior de São Paulo, um dia eu a visitei, acompanhando uns colegas da escola. Tinha entre dez e onze anos. Marcou-me ser tão bem tratado pelas bibliotecárias. Na entrada tinha um livro do Tintin em um pedestal. Após ler todos, solicitei um livro de Psicologia. Li o que me foi dado, quanto a entender…
Então comecei a assistir a série Missão: Impossível. Ao ver o personagem Barnard “Barney” Collier (Greg Morris), manipulando um computador, fui marcado para sempre, era o que eu queria ser, um especialista em computação. Assim, minha visita à biblioteca teve um objetivo claro, meu livro seguinte foi sobre computadores. Descobri como calcular com números romanos, o que eram números binários e lógica.
Uma outra série teve grande impacto na minha vida foi UFO, além da tecnologia e base lunar, o herói da série comandante Ed Straker não bebia, o que me inspirou a não beber álcool, até hoje, bebo quase nunca.
Ao lado da biblioteca, no mesmo andar, ficava o Museu, com peças interessantes, especialmente da Revolução Constitucionalista, em particular, a matraca que simulava tiros e que fizera os cariocas getulistas entrincheirados sem entender de onde vinha tanta munição que os paulistas tinham. Minha cabeça fervilhava com as descobertas.
É claro que não posso deixar de citar meus professores, a última leva do tempo que os professores, todos, eram sábios, excelentes, alguns cansados pela idade, processados e perseguidos pela ditadura, e esperando pelos últimos anos para a aposentadoria. Estudei depois na Universidade Federal de São Carlos e fui trabalhar no INPE, até hoje, com tempo para aposentar, mas ainda querendo contribuir mais para meu país!