O crime de neonazismo motivou um aumento de 900% nas investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em um período de quatro anos. A instituição abriu 10 inquéritos para apurar suspeitos de fabricar, comercializar ou divulgar elementos do nazismo, como o uso da cruz suástica ou gamada, por exemplo, no ano passado. Em 2019, isso só aconteceu uma vez.

Os números, que podem parecer pouco expressivos, na verdade são indicadores de uma escalada de violência que ultrapassa o delimitado na lei: casos extremos de ódio e ataques direcionados. Quando os suspeitos são identificados, não é raro que sejam adolescentes ou jovens adultos. O fenômeno, segundo historiadores da área, tende a atrair os mais jovens e ameaçar instituições de ensino assim como no ápice do nazismo, nos anos 1930.

O crime de neonazismo motivou um aumento de 900% nas investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em um período de quatro anos. A instituição abriu 10 inquéritos para apurar suspeitos de fabricar, comercializar ou divulgar elementos do nazismo, como o uso da cruz suástica ou gamada, por exemplo, no ano passado. Em 2019, isso só aconteceu uma vez. Os números, que podem parecer pouco expressivos, na verdade são indicadores de uma escalada de violência que ultrapassa o delimitado na lei: casos extremos de ódio e ataques direcionados. Quando os suspeitos são identificados, não é raro que sejam adolescentes ou jovens adultos. O fenômeno, segundo historiadores da área, tende a atrair os mais jovens e ameaçar instituições de ensino assim como no ápice do nazismo, nos anos 1930.

“O neonazismo não é um acontecimento de massa, é um indicador de perigo. Até anos atrás, Minas Gerais não tinha essa presença de grupos extremistas. Preocupa e é um alerta de que estamos perdendo os valores de tolerância e inclusão”, avisa o historiador da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Sérgio da Mata, que é especialista na história da Alemanha. Um dos casos mais recentes de apologia ao nazismo e à supremacia branca em Minas Gerais ocorreu na capital no mês de maio. Um jovem de 24 anos foi detido em casa com uma coleção de blusas, bandeiras e medalhas com símbolos extremistas.

Ele foi localizado por um conexão com um grupo de Santa Catarina. Outras ocorrências que marcam o enfrentamento ao neonazismo no Estado também mostram um protagonismo jovem e ocorrem em colégios e faculdades. Na Escola Municipal José Silvino Diniz, em Contagem, na região metropolitana, paredes foram pichadas com suásticas e mensagens com referências a Hitler, líder do nazismo alemão. O mesmo ocorreu no banheiro da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), em Divinópolis, que ficou marcado por um “Viva Hitler”.

“Esse aumento de ocorrências explícitas do neonazismo está cooptando principalmente os jovens pela violência. É um momento de fragilidade, porque o adolescente está numa fase de crise existencial, está buscando uma identidade, uma referência”, afirma a historiadora social Beatriz Brusantin, que é coordenadora do curso de História da Estácio BH e estudou o movimento de extrema direita no mestrado.

Na avaliação de Sérgio da Mata, a estratégia de agir pelos mais jovens funciona porque coopta os mais dispostos a radicalizar. “Eles querem provar autenticidade. As posturas contestatórias, aquilo que é politicamente incorreto, aquilo que causa mais alvoroço, vai atrair a atenção desses meninos”, diz. “Acontece, também, uma manipulação dos sentidos. Os neonazistas dizem buscar liberdade, o que parece justo, lembra independência, mas, na verdade, a falta de limites é a lei da selva. Se assim for, quem tiver uma arma, quem for mais forte, vai se impor”, alerta.

Mas a integração dos adolescentes e jovens ao extremismo também tem outro lado. As escolas e instituições de ensino tendem a absorver as discussões e mudanças da sociedade, conforme o especialista em segurança pública Jorge Tassi. Ele argumenta que o fenômeno é típico de um cenário de polarização. “Aconteceu um afunilamento. A sensação da polarização é que existem dois grupos em conflito, e os jovens absorvem isso. Não é normal que o neonazismo se manifeste, mas ele acompanha uma série de situações de discriminação, violência e questões políticas que se tornam mais conservadoras”, analisa.

No Brasil, investigações de neonazismo saltaram 311%

O alerta ultrapassa os limites do Estado. A nível nacional, os inquéritos abertos pela Polícia Federal (PF) para apurar o mesmo crime — descrito no §1º do artigo 20 da lei 7.716/1989 — quadruplicaram em um ano. Em 2023, 37 investigações foram iniciadas no país. Já em 2022, foram 9. Os dados foram divulgados após pedido de acesso à informação pela agência de dados “Fiquem Sabendo”.

Trabalho articulado entre Ministério dos Direitos Humanos e ONU

Neste ano, a PF abriu novos 6 inquéritos só até março, um deles instaurado na Zona da Mata mineira. Em abril, a ameaça do extremismo motivou o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão do Governo Federal,a iniciar um trabalho de comunicação com a Organização das Nações Unidas (ONU). O primeiro relatório sobre o aumento de células neonazistas no Brasil cita três casos em Minas Gerais, todos eles em instituições de ensino. A pichação na UEMG, em 2022, e dois casos de ameaças neonazistas em escolas em Belo Horizonte e em Contagem, na região metropolitana, foram mencionados.

“Você tem um dado histórico. O próprio nazismo operou na lógica da cultura e da educação. Esses sempre foram os espaços de cooptação em relação ao pensamento nazista. Na relatoria do Conselho, temos trabalhado com as secretarias de cultura e educação como elementos chave de enfrentamento”, afirma o relator especial para o enfrentamento de células neonazistas no Brasil, Carlos Nicodemos.

Fonte: O Tempo

 

 

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