Os jogos de azar, que muitas vezes se apresentam com um brilho sedutor e a promessa de ganhos fáceis, estão devastando a vida de milhões de brasileiros.

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann, em recente entrevista à Folha de São Paulo, foi contundente: “É como se a gente tivesse aberto as portas do inferno“. Esta afirmação reflete a gravidade da situação em que o país se encontra, com milhões de cidadãos mergulhados em dívidas, desespero e desilusão.

O presidente Lula, no dia 24.09, também expressou preocupação com o impacto das apostas no orçamento das famílias brasileiras, especialmente das mais pobres, e alertou sobre a facilidade com que os jogos de azar entram nas casas através de celulares.

Segundo dados do Banco Central, no período de janeiro a agosto de 2024, 24 milhões de brasileiros se envolveram em apostas e foram gastos R$ 10,5 bilhões por beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família.

Assim, as apostas tornaram-se uma epidemia social, afetando todo o manto social e causando prejuízo às famílias, aumento da pobreza e o endividamento. Relações são prejudicadas, dívidas se acumulam e, muitas vezes, a vida pessoal e profissional entra em colapso. A sensação inicial de euforia ao ganhar é rapidamente substituída por ansiedade, desespero e culpa ao perder, criando um ciclo vicioso difícil de escapar.

Uma reportagem da BBC, publicada dia 19.09, revelou o impacto devastador que as apostas têm na vida de muitos brasileiros, incluindo relatos de casamentos desfeitos, perda de emprego e até tentativas de suicídio.

Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) destacou que o setor varejista pode ter perdas de até R$ 117 bilhões devido ao aumento descontrolado das apostas online. Essa situação é agravada pela publicidade agressiva das casas de apostas, que bombardeiam o público com a promessa de enriquecimento rápido, mas que, na realidade, acabam levando muitos à ruína.

Um dos aspectos mais preocupantes desse fenômeno é o papel dos influenciadores digitais, que, em troca de contratos milionários, promovem as apostas como uma forma de diversão e enriquecimento rápido. Esses influenciadores, com seus milhões de seguidores, ignoram os danos que o vício em apostas pode causar, especialmente entre os jovens.

Existem propostas para inibir a publicidade de casas de apostas online, mas esta medida é insuficiente para solucionar a exposição fácil das pessoas a promessas descabidas de ganhos fáceis.

Esse crescimento desenfreado das apostas no Brasil revela a face perversa de um mercado que, sem controle, pode arruinar a vida de milhões. É hora de fechar as portas do “inferno” que Gleisi Hoffmann descreveu e adotar medidas firmes que coloquem o bem-estar da população acima dos interesses econômicos. Afinal, não podemos permitir que o jogo continue a destruir sonhos e esperanças em troca de lucros fáceis para poucos.

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