De acordo com o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual, a gasolina tem a maior carga tributária do estado, batendo 31%, inclusive a maior arrecadação do executivo. Em seguida estão a energia elétrica com 30% e o setor de comunicação representando 27% de imposto.

Já as bebidas alcoólicas, como as destiladas, por exemplo, tem um imposto que chega a 25%, já para cervejas e chopes, a alíquota é de 23%. Pelas ruas de Belo Horizonte, quem paga os impostos reclama que a carga tributária é alta, impactando negativamente o preço dos produtos.

O técnico em mecânica Gonçalo Marques, de 69 anos, fala que aguarda uma reforma tributária.

“É muita carga tributária, né? Isso encarece tudo pra gente. A gente tá esperando há muito tempo essa mudança mas não ocorre, o que fazer? Paciência. Agora é trabalhar e correr atrás. Tudo paga imposto e isso acaba caindo na nossa mão. Não tem retorno, o problema é esse”, afirma.

O pedreiro Carlos Alberres da Silva, de 45 anos, também questiona a alíquota dos impostos.

“Isso é um absurdo, sentimento de revolta. Trabalhador trabalha tanto e fica com tão pouco. Precisa melhorar e muito. Só sobra pro pobre, né?”, questiona

Já a repositora de um supermercado na região noroeste da capital, Lucinéia Patrícia, de 38 anos, fala que cada vez mais surgem mais impostos.

“Está cada vez pior, não sei de onde surge tanto imposto para poder encarecer tanta coisa”, replica.

O diretor do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual, Danilo Militão da Silva, analisa a carga tributária no estado.

“Eu acho que a maioria dos ouvintes tem sentido no bolso o alto custo de vida. Impactado por uma série de fatores, alguns internacionais, alta do dólar, tem especulação, mas aqui na esfera estadual tem um problema que é o sistema tributário que é muito concentrado em algumas receitas específicas. Tem combustíveis, como a gasolina por exemplo, que tem uma alíquota de 31%, que é a maior receita do estado. A comunicação é 27%, e também energia elétrica, 30%. Está no topo das alíquotas, mas tem, por exemplo, bebidas alcoólicas, 25% para as bebidas quentes, e 26% para cervejas, chope, etc”, explicita.

Ao ser perguntado sobre a estimativa de o trabalhador brasileiro trabalhar cerca de 5 meses no ano para pagar impostos, o diretor explicou.

“Se você pensar em termos de carga tributária, é disso para mais. O trabalhador mais pobre e o classe média podem trabalhar cinco meses ou mais no ano para pagar tributos. Entre os tributos estão IPVA, IPTU, ICMS, Imposto de Renda, lembrando que o Imposto de Renda é a maior receita federal. Quem paga imposto de renda, pessoa física, a maior parte dos contribuintes são funcionários públicos. A carga tributária brasileira em si está na média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nosso problema não é em termos de carga tributária, ela é concentrada em alguns produtos e serviços e onera muito as classes mais pobres, esse é o problema. Depois você vê o problema do gasto, da retribuição pelo pagamento do tributo, que nós temos muito pouco no Brasil por causa da questão da dívida”, complementa

Danilo também comentou sobre a necessidade de uma reforma tributária de urgência.

“Temos que pensar em uma reforma tributária, mas não como tem sido patrocinada atualmente por grandes corporações, pelo sistema financeiro, que pretende manter os ricos cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres, dependentes de pagamentos de juros e essa situação não é fácil. Então temos que pensar numa reforma tributária cidadã, já temos proposta nesse sentido, mas tem que avançar, tributação maior da renda”, finaliza.

Fonte: Itatiaia
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