O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca para a Argentina nesta segunda-feira (3) para participar da 62ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Puerto Iguazú. O petista vai assumir, na terça-feira (4), a presidência temporária do bloco econômico.

O mandato do Brasil vai durar até o fim de 2023. Lula terá a missão de destravar o acordo União Europeia Mercosul. Outro obstáculo passa por construir uma unidade dentro do bloco, que é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Venezuela e Bolívia estão em processos de adesão.

Nesse sentido, um dos desafios do governo brasileiro será convencer o Uruguai a não fechar, sozinho, um acordo bilateral com a China.

O presidente uruguaio Lacalle Pou e Lula já trataram desse tema. O governo brasileiro entende que um acordo comercial isolado de um país membro do bloco deve passar pela sinalização positiva dos demais integrantes do Mercosul. Para Lula, um acordo entre Montevidéu e Pequim enfraqueceria o bloco.

A questão da Venezuela é outro ponto que coloca Brasil e Uruguai em lados opostos. Enquanto Lula, que é de esquerda, defende a reintegração do país comandado por Nicolas Maduro ao bloco, Lacalle Pou, que é de direita, fez críticas ao mandatário brasileiro, por ignorar as violações de direitos humanos que ocorrem no país vizinho.

Importância da 62ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul

A embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), considera que o evento é um ponto importante na reconstrução das relações diplomáticas e parcerias com seus vizinhos mais próximos, iniciada a partir da posse do presidente Lula em janeiro deste 2023.

Uma vez na presidência do Mercosul, o Brasil irá organizar o fórum social, o fórum empresarial e a próxima cúpula do bloco em território nacional.

“Essa cúpula é particularmente relevante para nós porque, em primeiro lugar, o Brasil assume a presidência pro tempore num contexto de retomada de prioridade da integração, então não é uma presidência rotineira, é a prioridade concedida pelo governo aos processos de integração, começando pela volta à Celac, a realização da cúpula sul-americana e agora o Mercosul, fundamental para o desenvolvimento dos nossos países”, disse a embaixadora.

Debates entre os líderes do Mercosul

Durante a cúpula, os presidentes dos países do Mercosul vão debater, além do acordo com a União Europeia, um possível tratado com a Associação Europeia de Comércio Livre (AECL), grupo de países do continente que não participam do bloco europeu – Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein –, e outro com Singapura.

Acordo entre blocos

A respeito do possível acordo com a União Europeia, o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do MRE, esclareceu que o governo brasileiro está finalizando uma posição, tomando como base a proposta feita em 2019, juntamente com um documento adicional enviado pela União Europeia no início deste ano.

“O governo está traduzindo as instruções do presidente Lula para um documento que será apresentado primeiro aos parceiros do Mercosul, e depois à União Europeia. É um processo que não é tão rápido porque os acordos são muito delicados e têm exigido um trabalho de coordenação interna muito intenso”, relatou.

Fonte: O Tempo

 

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