Redação UN

A Polícia Civil realizou, na manhã desta quarta-feira (9), uma coletiva de imprensa, na delegacia de Formiga, para repassar mais informações sobre a investigação que apurou as circunstâncias da morte de um menino, de 4 anos, na cidade de Pains.

Estiveram presentes o delegado regional Danilo César Basílio, o delegado da comarca de Arcos Patrick Carvalho, o perito criminal Alisson Barbosa e o médico-legista Marcelo Moura.

A criança foi morta no dia 24 de julho. A madrasta dela, de 34 anos, encontra-se presa desde o dia dos fatos.

De acordo com o perito Alisson Barbosa, dentro da casa, haviam sinais de limpeza e com uma análise mais criteriosa, foi encontrado um berço no quarto onde a criança dormia, e no colchão manchas de sangue, assim como na parede. “Haviam outros sinais de limpeza e na máquina de lavar foi encontrada uma colcha com manchas de sangue.  A mulher tentou destruir as evidências do crime. O local foi fechado para aplicação de exame de luminol, que detecta a presença de sangue, inclusive no berço. Foi encontrado ainda sangue no ralo e na pia do banheiro, assim como na calça jeans da suspeita”.

O médico legista Marcelo Moura explicou que o caso chamou muito a atenção, pois a criança apresentava sinais de maus-tratos e desnutrição. “O menino estava com várias escoriações profundas e hematomas no crânio, hemorragias debaixo do couro cabeludo e uma escoriação profunda atrás da orelha direita. A criança estava limpa, assim como as vestes, que foram trocadas, e tinha dois dentes que podem ter sido arrancados”.

Segundo informou o delegado Patrick Carvalho, o hospital municipal acionou a Polícia após a criança ter dado entrada na unidade, levada pela madrasta e por populares. “Fizemos contato com o Conselho Tutelar, que já fazia o acompanhamento do menino, pois a escola reportava que ele aparecia lesionado e com desnutrição. A criança tinha problemas de saúde de autismo e de TDAH, e ela precisava de cuidados. Isolamos a residência e percebemos sinais de limpeza no local. O pai relatou que tinha uma relação conturbada com a atual esposa e que ambos faziam uso de substâncias entorpecentes.  Eles tinham um relacionamento de cerca de dois anos e que a criança era maltratada pela madrasta”.

Ainda de acordo com o delegado, o pai relatou que saiu para trabalhar e recebeu áudios pelo celular da esposa que chorando muito e, mais tarde, os áudios foram apagados de ambos os celulares. A mulher relatou que ficou na casa durante a parte da manhã e que a criança teria caído morto no chão. Mas pela quantidade das lesões, a informação não tinha lógica”. 

Foram mostrados vídeos de câmera de segurança que registraram os momentos em que o pai da criança sai para trabalhar por volta das 6h45 e a madrasta saiu da casa, por duas vezes, para colocar o lixo na rua.

“Ela contou que não lembrava de ter saído essas duas vezes da residência e não se lembrava de apagar as mensagens do celular. Relatou ainda que fez uso de maconha na noite anterior e em um momento de fúria teria sacudido a criança com muita força. Fomos juntando mais elementos que no local havia sido praticado homicídio qualificado. O laudo do médico legista aponta a hora da morte da criança por volta de 9h30 e o acionamento da madrasta por socorro é por volta de 11h40. Temos aí uma divergência de duas horas, entre a hora do óbito e do pedido de socorro”, explicou Patrick Carvalho.

O delegado regional Danilo César completou que somente na parte onde o berço ficava estava limpa, porém, as demais partes do quarto encontravam-se sujas, empoeiradas. “O fato de ter lavado o sangue no ralo do banheiro, que confirmado por meio do uso de luminol, contribuiu para as investigações”.

Na residência, ainda moram dois filhos da suspeita, de outro relacionamento, mas no dia do crime, não estavam na casa. Nas investigações não ficou comprovada a participação do pai da criança no assassinato.

 

Foto: Glaudson Rodrigues/Últimas Notícias

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