A cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, se prepara para inaugurar o maior macromural do Brasil, um projeto artístico de grandes dimensões promovido pelo Instituto Cura. Em fase final de execução com a retirada dos andaimes e os últimos retoques de acabamento o mural cobre cerca de cem casas que, juntas, formam uma imensa tela colorida visível de longas distâncias.
A intervenção urbana se espalha pelos bairros Vila São Luís, Monte Castelo, Vila Marise, Morro das Pedrinhas, Cascalho e Montividiu, criando um verdadeiro “mosaico vivo” nas encostas da cidade. A pintura é assinada pelo Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU), coletivo indígena do Acre que vem conquistando reconhecimento internacional com exposições em instituições como o Masp, Pinacoteca, Fondation Cartier e Bienal de Veneza.
O coordenador do grupo, Ibã Sales Hunikuin, explica que a obra tem inspiração espiritual e está conectada às tradições do povo Huni Kuin. “A pintura partiu de uma música de cura que o coletivo escolheu. Um canto do espírito da floresta, da língua hunikuin, transmutado pelas pinturas coloridas. As casas ficam mais seguras com a força dos encantos da floresta. Qualquer pintura não, é pintura muito sagrada, pintura espiritual, espírito da floresta vivo, que protege nossa saúde, nossa paz. É isso que as comunidades recebem”, afirma.
Para Janaina Macruz, uma das fundadoras do Instituto Cura, o projeto marca uma nova fase da instituição. “Estamos muito felizes com este momento em que o Cura deixa de ser um festival e passa a ser um movimento de arte pública. O macromural consolida essa nossa missão de impacto econômico, social e turístico e amplia nossa atuação”, destaca.
Criado em 2017, o Cura se consolidou como referência em arte pública na América Latina. Hoje, como Instituto, acumula um legado expressivo: nove edições de festivais em Belo Horizonte e duas em Manaus, com 35 empenas de edifícios pintadas sendo 14 no Mirante Sapucaí, 13 na Praça Raul Soares, 4 no bairro Lagoinha e 4 em Manaus.
A representatividade é um dos pilares do projeto: 16 empenas foram assinadas por mulheres e 8 por artistas indígenas. Além disso, o histórico do Cura inclui 12 murais, uma pintura de chão indígena, 6 instalações urbanas, uma fachada de lambe-lambe, 3 exposições individuais e uma residência artística.
O projeto Cura Macro Nova Lima é uma realização do Instituto Cura, com parceria do Patrimônio Cultural de Nova Lima e da Prefeitura de Nova Lima, e apoio da Plataforma Semente e do Ministério Público de Minas Gerais.
Com a conclusão das obras, Nova Lima se tornará palco de uma das maiores expressões de arte pública do país um marco que une tradição indígena, inovação estética e valorização comunitária.
Com informações do Hoje em Dia










