Mais de 500 escolas da rede estadual de Minas Gerais operam sem água potável ou tratamento de esgoto adequados, segundo o Diagnóstico de Infraestrutura Escolar de 2024, obtido via Lei de Acesso à Informação. A situação, que afeta principalmente instituições em áreas rurais, representa riscos diretos à saúde de milhares de estudantes e compromete o ambiente de aprendizado.

Entre as 3.954 escolas estaduais mineiras, 557 não possuem água devidamente tratada para consumo e 517 ainda utilizam fossas rudimentares, como negras, secas ou absorventes, formas ultrapassadas e consideradas inseguras pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). Outros 425 colégios utilizam fossas sépticas, que também podem se tornar fontes de contaminação quando mal gerenciadas.

Em nota, o Ministério das Cidades alerta que a falta de estrutura para manutenção dessas fossas pode contaminar o solo, lençóis freáticos e cursos d’água, elevando a incidência de doenças de veiculação hídrica. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais admite as dificuldades de manutenção nas unidades rurais, que enfrentam limitações para contratar serviços especializados.

Casos como o da Escola Estadual Domingos Barbosa Braér, no distrito de Miralta, em Montes Claros, ilustram a gravidade da situação. O esgoto é lançado em fossas negras e, até 2021, a comunidade de 600 habitantes nem sequer tinha acesso à água potável. Já a Escola Estadual João Miguel Teixeira, também em zona rural de Montes Claros, ainda utiliza poços artesianos sem tratamento e aguarda, sem prazo, a instalação de um sistema de captação da chuva.

A Prefeitura de Montes Claros justificou que a maioria das escolas está localizada em áreas onde não há rede pública de esgoto. Já nas regiões urbanas, cabe à direção das escolas solicitar inclusão na rede da concessionária.

Municípios com grandes extensões territoriais enfrentam desafios ainda maiores. Em Januária, no Norte de Minas, apenas 16,2% da população tinha acesso ao saneamento em 2022. O prefeito prometeu soluções para todas as escolas até o fim de 2026. Segundo a Copasa, a baixa densidade populacional em áreas rurais demanda obras complexas e de alto custo, muitas vezes além da capacidade dos municípios, que precisam escolher entre atuar com apoio da estatal ou por meio de agências locais.

Enquanto isso, milhares de estudantes mineiros continuam expostos a riscos sanitários, em um cenário que compromete não apenas a saúde, mas também a dignidade e o desenvolvimento pleno dentro das salas de aula.

Com informações do O Tempo

COMPARTILHAR: