Uma ala com 24 leitos para tratamentos dos pacientes com suspeita do Influenza A (H1N1), pronta há cerca de um mês, no Hospital de Pronto-Socorro Risoleta Neves, em Venda Nova, está ociosa. No hospital, a assessoria de imprensa informa que a ala ainda não foi inaugurada porque a instituição não foi notificada pelas secretarias Municipal (SMSA) e Estadual de saúde (SES). Os dois órgãos divergem em relação à contratação do serviço.
A SES informou que a responsabilidade pela contratação dos leitos do Risoleta Neves é da Prefeitura de Belo Horizonte, que tem a gestão plena dos hospitais da rede municipal. O estado não descarta a possibilidade de repassar recursos para a prefeitura caso haja necessidade da contratação de novos leitos. Nos próximos dias deverão ficar prontos 20 leitos no Hospital Cristiano Machado, na Região Metropolitana de BH. Nesta quarta-feira, o Hospital Eduardo de Menezes recebeu 10 leitos semi-intensivos. O mesmo número será entregue também no Hospital Eduardo Cavalcanti, no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de BH.
Já a SMSA informou apenas que a contratação de novos leitos é de responsabilidade do estado, mas garantiu que até sexta-feira (10) serão abertos mais 10 leitos para pacientes da gripe A (H1N1) no Hospital das Clínicas e, se necessário, outros 13 leitos também serão disponibilizados. O município também está adquirindo dez ventiladores e dez monitores multiparâmetros (monitoram o coração, pressão e oxigenação), que estarão à disposição da rede de hospitais para o atendimento de crianças e adultos, enquanto aguardam por um leito.
Indecisão à parte, na terça-feira (11), na unidade de tratamento para pacientes com sintomas da influenza no Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte, 24 pessoas estavam internadas, sendo quatro em leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Um homem, de 27 anos, internado desde o dia 29 de junho, continua em estado grave. Na terça-feira, apenas quatro leitos estavam desocupados no HC, que admitiu não haver mais espaço. A solução para uma demanda maior seria enviar pacientes para outros hospitais credenciados do estado para esse tipo de tratamento. Somente na segunda-feira, 94 pessoas procuraram o Ambulatório de Referência para a Influenza A do HC e, destes, 16 foram notificados como suspeitos.
Em outro hospital da capital, o Eduardo de Menezes, na Região do Barreiro, que também é centro de referência contra a nova gripe, 22 pacientes estavam internados terça-feira na enfermaria e sete pessoas internadas no CTI em estado grave. Para ampliar o número de leitos, foram canceladas cirurgias eletivas na unidade. A medida deve liberar 12 leitos para internação de pacientes com suspeita de contaminação pelo H1N1.
De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Felipe Caram, Minas Gerais está no nível 3 do Plano Estadual de Enfrentamento da Ameaça da Influenza A, da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Esse estágio é considerado o mais grave e se caracteriza pela grande transmissão do vírus em todo o território. Neste grau, o órgão se compromete em regionalizar as ações em Minas. Outra medida é a suspensão de cirurgias e internações eletivas nos hospitais, tal como ocorreu no Hospital Eduardo de Menezes e no Instituto de Previdência (Ipsemg). Segundo o subsecretário, cerca de 30% das cirurgias são eletivas, o que abre espaço para internações. A promessa é de uma maior comunicação, com informativos diários sobre a crise, além de orientação à população sobre a doença. O objetivo é evitar a procura desnecessária pelos serviços de saúde.
Na madrugada de terça-feira, um homem de 48 anos morreu no Hospital Risoleta Neves, com suspeita de Gripe A. Ele estava internado no bloco do CTI desde o último domingo com sintomas de pneumonia bacteriana. O laudo médico apontava a possibilidade de infecção do vírus. A SES já enviou à Fundação Ezequiel Dias (Funed) amostras de secreção recolhida da vítima para análise e aguarda resposta. Em Minas Gerais são 11 óbitos suspeitos. Na segunda-feira, a SES havia confirmado as três primeiras mortes provocadas pela gripe suína. De acordo com o último balanço divulgado pela SES, Minas tem 528 casos suspeitos, 179 confirmações e 317 descartados.

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