A Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou, na sexta-feira (24), uma audiência pública para debater a falta de representatividade feminina na política mineira.
Um estudo realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem), da Universidade Federal de Minas Gerais, revelou que, dos 853 municípios do estado, apenas 64 contam com uma prefeita à frente da administração municipal, sendo que apenas uma delas se autodeclara preta.
A análise também revelou que cerca de 22% das Câmaras Municipais de Minas Gerais não têm nenhuma vereadora, totalizando 188 municípios sem representatividade feminina no legislativo. Enquanto isso, outros 333 municípios, cerca de 39%, possuem apenas uma vereadora mulher.
Das 64 cidades comandadas por mulheres, quatro delas estão na região metropolitana: Matozinhos, Pedro Leopoldo, Vespasiano e Contagem. Já a única cidade que possui uma prefeita autodeclarada preta é São Gotardo, no Alto Paranaíba, comandada por Denise Oliveira (PV).
A deputada estadual Ana Paula Siqueira, que também é pré-candidata à Prefeitura de Belo Horizonte e a única mulher negra na disputa, foi a requerente da audiência.
“Dentre os inúmeros desafios que foram apresentados, eu queria destacar o desafio da violência política de gênero, que tenta nos silenciar, que dificulta o acesso, muitas vezes, aos recursos de campanha, gera insegurança durante a participação efetiva eleitoral, durante o exercício dos mandatos. Queria também destacar que representatividade importa, sim, e a representatividade nos espaços políticos é fundamental para construir políticas públicas mais efetivas em uma sociedade mais justa”, destacou a deputada.
Belo Horizonte, que tem 126 anos de história, nunca teve uma mulher no comando da prefeitura.
Dados no Brasil
No Brasil, cerca de 18% das cidades (978) não possuem nem mesmo uma mulher na Câmara Municipal e 57% dos municípios não têm vereadoras autodeclaradas pretas, segundo o relatório “Desigualdade de Gênero e Raça na Política Brasileira” da Oxfam Brasil e do Instituto Alziras. No executivo, as mulheres brasileiras governam apenas 12% das prefeituras.
Fonte: O Tempo