Invisível aos olhos, mas não à engrenagem vital, o cálcio é um mineral importantíssimo e indispensável à saúde humana. É matéria-prima para a estrutura esquelética e base da resistência biomecânica, atua na formação dos ossos, na regulação sanguínea, ajuda na coagulação sanguínea e na regulação da pressão arterial.
Mas há tanta controvérsia em relação à sua reposição no organismo que os pacientes ficam sem saber como lidar com tantas informações dissonantes.
É o caso de Dayse Batista Clímaco, 72, que faz reposição de cálcio há 15 anos devido à artrose na coluna lombar. Minha médica me indicou o medicamento Os-cal, mas resolvi mandar manipulá-los por conta própria, o que foi um erro, explica. Há cinco meses, ela pediu um exame de sangue e ficou surpresa ao verificar que o nível de cálcio estava razoável, mas o de vitamina D estava baixíssimo. Ou seja, a farmácia não estava manipulando corretamente a fórmula.
Dona Dayse voltou a comprar o remédio pronto e, quando repetiu o exame, a médica verificou que o nível de cálcio e de vitamina D estava aceitável.
A professora aposentada Regina de Faria, 64, não sabe mais qual orientação seguir. O ortopedista me passou uma receita para ser manipulada de citrato de cálcio, magnésio quelato, óxido de zinco e vitamina D-3. Estava tomando há mais de um ano e, quando fui fazer um novo exame de sangue, o médico detectou que o nível da vitamina D-3 estava muito baixo, explica.
Fiquei revoltada porque confiava que o medicamento estava sendo manipulado de forma correta.
Um conceituado ortopedista e especialista em coluna, que pediu que seu nome não fosse divulgado, explica que não é bem isso o que acontece. O problema não é a manipulação, mas a procedência da matéria-prima, especificamente o cálcio e a vitamina D-3 que vêm do Paraguai e da Índia e têm eficácia questionável. Quando a origem não é confiável, o medicamento não vai surtir o efeito desejado. Por isso, sou favorável ao cálcio e à vitamina D-3 industrializados, expõe.
O especialista comenta que os laboratórios têm balanças eletrônicas de alta precisão, são bem-montados e seguem todos os procedimentos exigidos pela legislação do setor. Mas isso de nada adianta se o produto usado tem origem questionável. Por isso, quando se realiza o exame de sangue, os índices estão abaixo do esperado, pontua.
Segundo o presidente do departamento de reumatologia da Associação Médica de Minas Gerais, Boris Cruz, o cálcio é parte essencial da estrutura dos ossos e participa de outras várias reações no organismo. A quantidade desse mineral no sangue e a maneira como ele se fixa nos ossos são determinadas por vários fatores, entre eles, pela vitamina D.
O cálcio existe na natureza em diferentes formas. A mais comumente usada é o carbonato de cálcio, e sua principal fonte é o leite e derivados. O reumatologista explica que o cálcio existe também em alguns vegetais como brócolis, mas a capacidade do organismo de assimilá-lo nessa forma é menor.
Cálcio e vitamina D andam sempre juntos e não poderia ser diferente. O sol é necessário para completar o metabolismo da vitamina D, tão essencial para fixar o cálcio nos ossos. Em um país tropical como o nosso, uma pequena exposição já é suficiente, explica Boris Cruz.
Para as pessoas com osteopenia e osteoporose, o especialista recomenda uma dieta rica em leite e derivados. O desnatado é ideal, pois não tem gordura e tem a mesma quantidade de cálcio que o integral. Também são recomendados exercícios em que as pernas carregam peso, como a caminhada, o que ajuda o organismo a fixar o cálcio nos ossos.
É importante lembrar que o cálcio em excesso pode favorecer, em pessoas com predisposição, o aparecimento de pedras nos rins e pode também se depositar nas placas de aterosclerose das artérias, avisa.

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