A expectativa de um novo aumento do diesel pode resultar em uma falta generalizada de transporte público em todo Brasil, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Com a prerrogativa de racionamento dos combustíveis pelas empresas de ônibus, os veículos podem circular somente nos horários de pico.

O presidente da NTU, Francisco Christovam, afirma que é preciso que o poder público crie subsídios para que isso não aconteça. “Se não forem definidas fontes para cobrir esses custos adicionais, as operadoras serão obrigadas a racionar o combustível e oferecer apenas viagens nos horários de pico, pela manhã e à tarde. No resto do tempo, os ônibus terão que ficar parados nas garagens. As empresas não querem praticar uma operação seletiva, atendendo apenas linhas e horários de maior demanda, mas serão obrigadas a adotar essa medida radical porque não suportam mais os sucessivos aumentos de custo e os prejuízos”, explica.

Segundo ele, haverá um impacto para na rotina de 43 milhões de passageiros que dependem deste serviço todos os dias no Brasil. “A esmagadora maioria das nossas associadas está sem caixa para fazer frente a mais um reajuste; não há como comprar o diesel para rodar, colocar um ônibus na rua com tanque vazio seria uma irresponsabilidade”, completa Christovam. “A consequência desse aumento, se vier, será a piora da qualidade do transporte. E é a população que sofre com o adiamento das medidas que precisam ser tomadas”, complementa.

Como fica em Belo Horizonte?

Questionado especificamente sobre a questão de Belo Horizonte, Christovam explicou que não é possível cravar que ficaremos sem ônibus na cidade nos horários de pico, mas as dificuldades das empresas da capital mineira e da região metropolitana são as mesmas das de outros municípios do Brasil.

“Nós não queremos ter que retirar os coletivos de nenhuma cidade e prejudicar os horários, mas a situação é bem crítica porque o combustível aumenta e precisamos de subsídios do poder público para arcar com os custos. Nós estamos recuperando a demanda de passageiros, mas sabemos que muitos deles perdemos ou porque migraram para o carro particular ou por terem adotado o trabalho home office”, explica.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) disse que não vai comentar o assunto no momento. O transporte público na capital mineira já está colapsado com viagens bastante reduzidas.

O aumento do diesel

A NTU destaca que o diesel é o segundo item de custo que mais pesa no valor da tarifa dos ônibus urbanos, depois da mão de obra, com uma participação média de 30,2% no custo geral das operadoras do transporte público.

“Os aumentos registrados de janeiro para cá, da ordem de 35% nas refinarias, já representam um aumento nos custos do transporte público por ônibus em 10,6% só este ano. Esse impacto ainda não foi compensado por aumentos de tarifa ou subsídios por parte das prefeituras, que contratam os serviços de transporte público”, explica o presidente da NTU.

Para ele, a solução seria “a adoção de mecanismos para a estabilização dos preços dos combustíveis, que vão da reformulação da estrutura tributária incidente sobre o diesel à adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público”.

Fonte; O Tempo

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