O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama – segundo tipo mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo (25% dos novos casos a cada ano) – vêm ganhando aliados tecnológicos que minimizam os impactos causados no corpo e, consequentemente, na autoestima das pacientes.

Uma das principais novidades é o mamógrafo acoplado a uma gama-câmara, equipamento capaz de “acender” os nódulos malignos por meio de um contraste radioativo, facilitando a identificação e dispensando a realização de biópsias em caroços benignos.

“Na mamografia comum, vemos os nódulos, mas ficamos na dúvida se são cancerosos ou não. Com o equipamento novo, temos uma imagem molecular da mama que nos permite avaliar a atividade metabólica do nódulo e fazer a diferenciação”, explica o oncologista e pesquisador do Hospital das Clínicas André Márcio Murad.

Avanços

Na área de tratamentos também houve avanços. De acordo com o oncologista, hoje já é possível estudar as mutações do tumor por meio do sequenciamento genético. “Isso serve para estabelecermos um prognóstico da doença: se ela é menos ou mais agressiva e se provoca metástase com menos ou mais facilidade”.

Uma das maiores vantagens desse procedimento, de acordo com Murad, é evitar o tratamento quimioterápico nos casos em que não existe certeza sobre a necessidade dele.

“Às vezes, a mulher tem um tumor na mama, faz a cirurgia para retirá-lo e ele vem sem a doença. Aí, fazemos a quimioterapia na dúvida. Com a pesquisa genética, poupamos a paciente de fazer um tratamento desnecessário”, diz o médico.

A técnica, no entanto, ainda não está disponível comercialmente em Belo Horizonte; por enquanto, as pacientes são encaminhadas para os Estados Unidos. “Mas, em breve, teremos todos esses recursos em BH, porque estamos montando um laboratório de genética aqui”, antecipa Murad, sem revelar prazos.

Autoconhecimento

A modernização dos métodos de diagnóstico tem contribuído para um dos aspectos mais importantes relacionados à doença: a detecção em estágio inicial, que aumenta em mais de 80% as chances de cura.

A descoberta precoce, inclusive, é tema da campanha anual “Outubro Rosa”, iniciada no dia 1º para incentivar mulheres a fazer a mamografia e o autoexame regularmente.

Foi seguindo à risca essa recomendação que a enfermeira Kênia do Couto Gonçalves Silva, de 33 anos, notou a presença de um nódulo na mama esquerda, em agosto de 2010. Após a confirmação de tumor maligno, ela foi submetida a uma cirurgia para retirada parcial da mama no mês seguinte.

“Sempre deixo muito clara a importância do autoexame. Às vezes, a pessoa sente-se na obrigação de fazer para procurar nódulos, mas a intenção é se conhecer a ponto de ser capaz de notar quaisquer alterações”, aconselha Kênia.

O oncologista Amândio Soares, da Oncomed BH, reforça a importância do diagnóstico no início da doença. “É importante saber que a cura do câncer é uma realidade. Identificar a doença no começo ajuda na cura e traz menos consequências para as pacientes”.

Combate direcionado a células doentes reduz efeitos colaterais

 

A administração de medicamentos que agem de maneira direcionada às células cancerosas também tem ajudado a reduzir os efeitos colaterais do tratamento do câncer de mama. A proposta é evitar procedimentos radicais, que levam à perda de cabelo e dos seios (parcial ou completamente). “A terapia monoclonal consiste em um anticorpo administrado para alguns tipos de cânceres, os tumores HER-2, que sofrem mutação no fator de crescimento. É uma terapia-alvo”, define o coordenador de Mastologia do Instituto Mário Penna e da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Wagner Paz.

 

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