Se dentro das quatro linhas o futebol mineiro dominou o Brasil e a América em 2013, fora dos gramados os produtos que levam as cores e os escudos de Cruzeiro e Atlético também bateram um bolão. Animadas com os títulos conquistados ? Libertadores da América pelo Atlético e o Tricampeonato Brasileiro pelo Cruzeiro ? as duas torcidas fizeram a festa do comércio.
A euforia das torcidas com o bom momento dos times encheu os bares e restaurantes em todos os dias de jogos de um ou do outro, e, às vezes, dos dois. O proprietário do bar João da Carne, no Carlos Prates, Cristiano Barcelos, disse que nunca aconteceu um momento como esse dos dois times em alta e enchendo as mesas e cadeiras do estabelecimento. ?Antes, quando um ia bem, o outro não. Mas neste ano, todo dia de jogo foi dia de casa cheia?, comemorou.
José Maranfon, dono da pizzaria e restaurante Boiadeiro, no bairro Serra, diz que houve recorde de vendas nos dias de jogos. ?Chegou a lotar a ponto de não caber os clientes aqui dentro. Muitos assistiram às partidas do lado de fora?, diz. E isso não é pouca coisa, considerando que o restaurante tem a tradição de transmitir os jogos dos times mineiros há dez anos.
O melhor, diz ele, é que o calendário manteve a casa cheia por conta do Atlético até julho e, justamente no segundo semestre, a torcida do Cruzeiro foi a responsável por comparecer em peso.
O administrador Henrique Motta está no time dos que não economizam quando o assunto é a equipe do coração. ?Eu nem faço a conta de quanto eu gasto com o Galo para não cair para trás?. No início do ano ele pagou de uma vez R$ 2.400 para garantir seu lugar de sócio-torcedor até dezembro. Nos meses seguintes, gastou com camisa, ingressos e viagens para jogos fora de Belo Horizonte.
Agora, ele arruma as malas para embarcar na semana que vem rumo ao Marrocos, onde o time vai disputar o Mundial de Clubes. Só essa viagem custou R$ 7.000. Torcedores como Henrique fizeram aumentar em 150% as vendas da Loja do Galo neste ano em relação ao ano passado, segundo o gestor de franquias e licenciamento, Emerson Martins.
Do lado azul, o gerente de vendas Paulo Alfredo Rabelo também é um cliente fiel das lojas do Cruzeiro. Neste ano, aumentou em quatro camisas sua já vasta coleção, que conta com 90 oficiais. Com o time em alta, também não economizou na compra de produtos como canetas, canecas e bonés. ?Compro de impulso, sempre que passo perto de alguma loja do time?. Durante o ano, também deixou boas quantias nos bares, restaurantes e em supermercados. ?Cada dia de jogo era um festa. Reunião com amigos regada a cerveja, churrasco e muita alegria?, disse.
Dono de uma franquia da marca Maior de Minas, parceria entre o Cruzeiro e a SPR Franquias, Ronaldo Camargos Junior diz que, apesar de ser o primeiro ano de funcionamento da loja, suas expectativas já foram superadas. E bem. ?É um prazer duplo quando os negócios vão bem e o time do coração ainda corresponde dentro de campo?, disse. (Colaboraram Cristina Moreno de Castro e Karlon Aredes)

Bandeiras e tatuagens batem recorde de venda

Nunca antes na história dos sinais de trânsito e dos estúdios de tatuagens de Belo Horizonte se vendeu tantas bandeiras e tantas homenagens aos times de coração. Alguns ambulantes até viraram microempreendedores individuais, só para ter direito à maquinha de cartão. Por cerca de R$ 30 ? às vezes até R$ 60, depois de jogos ?, foram vendidas bandeira de Galo e Cruzeiro o ano inteiro.

Foi gente pagando promessa de todo lado. Assim que o Cruzeiro foi campeão, o personal trainner Luiz Felipe Mendonça tatuou as costas. ?Paguei R$ 1.450?, conta.

Há menos de duas semanas do Mundial de Clubes, João Lara, da Tatoo Ei, praticamente nem tem mais horário. ?Os atleticanos estão correndo para se tatuarem antes de ir para o Marrocos, diz.

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