Menos de 30% do total de 1 milhão de crianças aguardadas para se vacinarem contra a poliomielite em Minas Gerais recebeu o imunizante.

Quase um mês após o início da campanha de vacinação contra a doença, pouco mais de 350 mil crianças foram imunizadas, o que representa 34,33% do público-alvo, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Sem a adesão mínima, esperada em 95%, o estado entra em uma posição vulnerável.

Apesar de a iniciativa seguir até 9 de setembro, uma das grandes preocupações de especialistas é o retorno da doença, erradicada há quase 30 anos no Brasil, especialmente porque no início do ano a cobertura vacinal não atingiu nem 80%. A pólio é uma doença grave, que pode levar à paralisia de membros e à morte.

Em Belo Horizonte, esse percentual é ainda menor. Até o momento, a cobertura vacinal está em 20,67% do público-alvo, estimado em 104 mil crianças. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), já foram vacinadas mais de 21 mil crianças, com idades entre 1 a 4 anos. A rotina nos postos de saúde escancara a baixa adesão à vacina.

Alerta

A doença, que afeta especialmente crianças de até 5 anos, está erradicada há quase três décadas no Brasil. Hoje, as imagens de crianças em cadeiras de rodas ou com deformidades no corpo, uma das consequências da poliomielite, parecem apenas um fantasma do passado, mas, segundo especialistas, a baixa cobertura vacinal reacende o sinal de alerta. “A doença existe, só não está próxima de nós agora. Já foi registrado um caso nos Estados Unidos. Ela vai voltar a aparecer aqui também se a gente não vacinar. É uma doença realmente muito grave, que continua nos assombrando”, afirma o infectologista Alexandre Sampaio, professor da Faculdade Santa Casa BH.

O último ano em que a cobertura no país atingiu a meta indicada para o controle da doença (95%) foi em 2015. De lá pra cá, a porcentagem de crianças vacinadas no Brasil caiu consideravelmente. No ano passado, por exemplo, a imunização contra a doença foi de apenas 67,1%.

Para manter as crianças livres da doença é preciso atingir a meta de vacinação, que é de 95%, e isso não vem acontecendo já tem alguns anos. Se não tivermos uma boa cobertura, não dá para evitar a circulação”, aponta o infectologista.

Em Minas Gerais, o último registro de poliomielite é de 1985. Desde aquele ano, a vacina contra a paralisia infantil tem sido a única forma de prevenção. Justamente para manter a cobertura vacinal, a imunização contra pólio faz parte do calendário de rotina do Programa Nacional de Imunizações (PNI), de forma gratuita e de ampla disponibilidade nas unidades básicas de saúde (UBS) em qualquer época do ano.

Fonte: Estado de Minas

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