O ex-presidente e pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Lula, no dia 31.05, em evento para o lançamento do livro “Querido Lula: cartas a um presidente na prisão”, ficou eufórico e cometeu o desatino de afirmar, justamente em um momento de realização de coalizões para a campanha eleitoral: “Um senador do PFL disse uma vez que era preciso acabar com a ‘desgraça do PT’, o Jorge Bornhausen. O PFL acabou. Agora, quem acabou foi o PSDB. O PT continua forte, continua crescendo e conseguiu construir a maior frente de esquerda já feita neste país”.

Essa fala não condiz com acenos de coalizão e aceitação de apoios de membros do PSDB, como a aceitação na chapa para concorrer nas próximas eleições de um dos nomes históricos do PSDB, Geraldo Alckmin, que assinou a carta de fundação do partido ou concordar Aloysio Nunes Ferreira ter a intenção de votar em Lula no primeiro turno e de fazer campanha para ele.

O PSDB é um partido importante, detém cargos executivos em Estados e Municípios, já ocupou o Palácio do Planalto por duas vezes e vive um momento de reconstrução, após perdas sucessivas em eleições para presidente da República. Não teve a união para conduzir a candidatura do escolhido em suas prévias internas e, com isso, não contabilizou os grandes ganhos efetivos da administração de Dória em São Paulo (SP), como o enfrentamento da Covid-19 (SP teve ineditismo na adoção de logística para a vacinação, aquisição de insumos, produção da vacina e fez o governo federal sair da letargia), na segurança pública (SP adotou as câmeras nos uniformes policiais e fez cair a letalidade policial), ou na economia (SP cresceu 7,5% desde 2019). Apesar disso, em meio a guerra interna e vaidades políticas, o PSDB não conseguiu caminhar para as eleições unido.

O PT está unido e tem em Lula um líder, sem contestações.

Entretanto, não podemos esquecer casos recentes, como o de Leonel Brizola, do PDT, falecido em junho de 2004 e dono de uma retórica rica, capaz de unir um povo para enfrentar situações difíceis. Após a morte de Brizola, o PDT somente em 2022 tem em Ciro Gomes um candidato ocupando a terceira colocação nas pesquisas eleitorais.

As instituições são permanentes e as pessoas passam, porém, os partidos têm a peculiaridade de ter sua existência ligada ao carisma de seus líderes. A falta de líderes agregadores gera lutas internas, a ponto de comprometer o funcionamento do partido.

Por isso, antes de Lula criticar o PSDB, deveria focar na realização de coalizões para a eleição de 2022 e, em um segundo momento, atuar para gerar novas lideranças no PT e se perguntar: Na minha falta o PT continuará ou não unido? Penso que não, pois o PT tem diversos grupos fragmentados, com lutas e líderes próprios, e, na falta de Lula e de um substituto imediato para lhe suceder, os grupos lutariam para ter o controle hegemônico do partido.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

 

 

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