Com o crescimento da população em situação de rua em Belo Horizonte, a prefeitura da capital está em fase final de construção de um edital que vai viabilizar a qualificação profissional e contratação dos cidadãos que não têm onde morar. Inicialmente, a ideia é que sejam recrutadas 500 pessoas para atuar na administração municipal. A proposta faz parte de uma remodelagem do programa Estamos Juntos, lançado em 2019 na metrópole.
Nesta quinta-feira, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que 5.344 pessoas vivem nas ruas da capital. O número quase triplicou o intervalo entre 2013 e 2023. Os dados foram extraídos a partir do Censo Pop Rua 2022, realizado pela Faculdade de Medicina da UFMG a pedido da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Do total calculado na pesquisa, cerca de 35% passaram a ter as vias como abrigo após o início da pandemia.
Conforme o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Adriano Faria, a prioridade inicial do programa será para cerca de 2 mil moradores que já utilizam o serviço de abrigos da capital. “A nossa meta é de 500 pessoas empregadas só no primeiro ano do programa. E a partir das experiências no primeiro ano, vamos criar novas estratégias para chegar nas pessoas não abrigadas, o que é um desafio maior”, apontou Faria em entrevista ao Portal O Tempo.
Ele confirmou o crescimento no número de pessoas nas ruas durante a pandemia e apontou um perfil diferente ocasionado pela crise sanitária. “Hoje, a gente vê uma quantidade maior de famílias, mulheres com crianças, grávidas e com bebês, o que não se via com tanta recorrência no passado”, observou o secretário que apontou a chegada de pessoas de outras cidades à capital em busca de oportunidades, não encontradas durante a pandemia.
De acordo com o representante da PBH, o edital deve ser finalizado ainda no primeiro semestre. O escopo prevê a contratação de uma entidade do terceiro setor para atuar junto ao Executivo no projeto. “A própria prefeitura vai contratar essas pessoas para que elas tenham jornada de qualificação profissional e experiências laborais, com a nossa supervisão, para que elas sejam, da forma correta, reinseridas no mundo do trabalho”, detalhou Adriano Faria.
A ideia é que a prefeitura consiga atrair empresas parceiras, que estão com carência de mão de obra, “Vamos unir essas duas pontas e tentar retirar a maior quantidade de pessoas da rua que estão em condições de trabalho, garantindo para elas uma condição de moradia digna para que possam deixar as ruas de forma definitiva”, complementa Faria. Anteriormente, o projeto previa que empresas parceiras deveriam fazer a contratação e qualificar as pessoas em situação de rua para o mercado.
No entanto, o projeto não surtiu os resultados esperados, informou o secretário. “Há uma boa vontade do empresariado, das entidades que representam as empresas da cidade, como a ACMinas, comerciantes do Hipercentro, CDL, Fecomércio. Elas são sensíveis a essa iniciativa de dar oportunidades a essas pessoas, mas não possuem a qualificação e expertise para esse período de adaptação e reinserção”, arrematou.
Além da reformulação do projeto Estamos Juntos, a prefeitura também tem planos de usar imóveis ociosos da região do Centro para abrigar as pessoas em situação de rua. Neste caso, as tratativas ainda estão sendo feitas.
Fonte: O Tempo