O Centro de Seleção Permanente das Forças Armadas em Brasília iniciou, nesta quarta-feira (2), a primeira triagem geral para o serviço militar voluntário de mulheres que se alistaram para servir ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica. A capital federal é a primeira cidade a receber as jovens para a segunda etapa do processo de recrutamento.
Ao todo, 35 mulheres que se alistaram passaram pela segunda fase da seleção para o Serviço Militar Inicial Feminino (SMIF), nesta manhã.
Todo o processo, tanto o obrigatório, para os homens, quanto o voluntário, para mulheres, ocorre em cinco fases:
- Alistamento;
- Seleção geral;
- Designação;
- Seleção complementar;
- Incorporação (ou matrícula).
A estudante Hellen Novais, 17 anos, está com expectativa alta para ingressar na carreira militar. “Sempre tive vontade de servir. Acredito que, como seremos voluntárias pioneiras, vamos incentivar outras várias mulheres a ingressarem na carreira também. Meus familiares estão bem orgulhosos de minha escolha”, comentou a jovem.
Incentivada pelo pai que serviu no Exército, Heloísa Oliveira dos Anjos, 17, também decidiu se alistar. “Ele é uma grande inspiração para mim. Então, também quero seguir essa carreira, e estou bem ansiosa para começar”, afirmou.
Depois de incorporadas, as jovens recrutas prestam o serviço militar temporário com os mesmos direitos e deveres dos homens incorporados.
Na etapa atual, as candidatas passam por inspeção de saúde, testes físicos e mentais, além de entrevista.
“O que ocorre hoje representa um marco na história militar e de inclusão no Brasil. Após esta segunda fase, algumas meninas seguem aptas; outras, serão liberadas. Até o momento, mais de 27 mil mulheres se alistaram no Brasil e, desse total, eram 4 mil em Brasília. Temos 168 vagas para incorporá-las no Exército, 10 na Marinha e 30 na Aeronáutica”, detalhou o coronel do Exército Brasileiro Raphael Alves.
As selecionadas serão incorporadas a partir do primeiro semestre de 2026. A graduação das iniciantes será de soldado, no caso do Exército e da Aeronáutica, e de marinheiro-recruta, no caso da Marinha.
Ana Roberta da Silva Gomes, 17, também participou da seleção nesta manhã. “Meu irmão me indicou o alistamento, e estou feliz em estar aqui para essa primeira leva de voluntárias alistadas. Acredito que seja uma escolha importante para buscar um futuro melhor. Estou apta em tudo e feliz por isso”, disse a jovem.
A capitão do Exército Brasileiro Etiene Busnello ingressou no serviço militar como médica voluntária, em 2012. Um ano depois, após prestar concurso público, ela passou a integrar as forças armadas como militar de carreira.
“Diferentemente de mim, elas não precisam ter uma graduação para ingressar como voluntárias. Podem ter concluído o ensino médio e se voluntariarem no ano em que completam 18 anos, para ingressar aos 19. Acredito que essa é uma inclusão da mulher em todas as áreas e em todos os segmentos do Exército. Nós tínhamos oficiais e sargentos, tanto de carreira quanto temporárias; agora, teremos as soldados do segmento feminino, exercendo todas as funções no Exército”, destacou a militar.
Alistamento voluntário
Este é o primeiro ano em que mulheres brasileiras podem se alistar voluntariamente para o serviço militar inicial feminino, com candidaturas de mulheres nascidas em 2007 – pelo fato de elas completarem 18 anos em 2025.
Há 1,5 mil vagas disponíveis em Brasília e em outros 28 municípios de 13 estados. O alistamento pode ser feito até 30 de junho, presencialmente, nas Juntas de Serviço Militar ou por meio do site alistamento.eb.mil.br.
As candidatas poderão escolher em qual das três Forças – Exército, Marinha ou Aeronáutica – querem ingressar, mas a quantidade de vagas e as aptidões vocacionais da jovem com o cargo militar a ser ocupado será levada em conta.
Serão 12 meses de serviço militar, com possibilidade de prorrogação do tempo por até oito anos. Além da remuneração, as militares terão direito a auxílio-alimentação e transporte, licença-maternidade e contagem de tempo para aposentadoria.
Fonte: Nathália Cardim-Metrópoles