Negacionistas, terraplanistas, antivacinas, mal-intencionados e pessoas inseguras com fake news. Este pode ser o perfil dos cidadãos que ainda não se vacinaram contra a Covid-19, na avaliação de especialistas ouvidos pela reportagem de o Tempo.

Nessa quinta-feira (20), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) divulgou um balanço atualizado apontando que 80% dos internados por Covid-19 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são pessoas que não se vacinaram ou que tomaram apenas a primeira dose da vacina. 

Nas enfermarias, a ocupação de pacientes que negaram a imunização e não foram receber a segunda e terceira dose é de 85%. Para o infectologista e professor da Faculdade de Medicina, Unaí Tupinambás, parte dos não vacinados são pessoas que negam à ciência e eficácia das vacinas. “São mal-intencionadas, terraplanistas”, aponta. Mas o médico acredita que há quem tenha dúvidas genuínas sobre a segurança dos imunizantes. 

“Para esses, vale a pena reforçar o que está mais que comprovado, o risco benefício das vacinas protegendo contra as formas graves da doença. Nesse ambiente esgarçado de crise institucional em que o presidente (Jair Bolsonaro) cumpre um desserviço à nação muitas pessoas ficam tocadas e acabam duvidando”, analisa. 

O médico infectologista e professor emérito da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, José Geraldo Ribeiro, acredita que é preciso apresentar cada vez mais dados para convencer quem tem receio em relação às vacinas. “Não vamos atingir 100% de cobertura vacinal, e as campanhas anteriores mostram isso. O que podemos fazer é esclarecer dúvidas dos hesitantes, que têm medo ou dúvidas por fake news e colocações equivocadas por lideranças políticas”, frisa.

Na avaliação do especialista, no entanto, a discussão não deve ser feita com antivacinas. “Não são pessoas dispostas a serem convencidas, são militantes, negacionistas”, acrescentou. Ribeiro ainda lembrou uma discussão que teve, há 15 anos atrás, com um grupo anti-vacina do exterior.

Ele contou que enviou artigos científicos comprovando eficácia de imunizantes aos integrantes do movimento. “Eles responderam até ficar sem argumentos e enviaram um e-mail dizendo que havia um anexo com um artigo, mas quando abri o arquivo desformatou todo meu computador”, relembrou. 

Fonte: O Tempo

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