Especialistas nas áreas de saúde e econômica em todo o país têm trabalhado intensamente para orientar a tomada de decisão do poder público na elaboração de medidas que permitam a retomada das atividades diante da pandemia da Covid-19, sempre com foco na preservação da vida. A Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) enxerga a possibilidade de priorizar a saúde das pessoas, adotando políticas que flexibilizem a retomada da atividade econômica em ondas e de forma customizada para cada região do estado.

“A flexibilização das medidas de isolamento social deve acontecer aos poucos, considerando as especificidades regionais e a capacidade de atendimento dos sistemas de saúde locais. Acredito no bom resultado de um trabalho multidisciplinar, ou seja, que envolve especialistas de diversas áreas, para calibrar em que medida deve-se flexibilizar ou tornar mais restritivo o contato social”, explica a gerente de estudos econômicos da FIEMG, Daniela Britto.

Ao mesmo tempo em que evita um colapso dos sistemas de saúde, a estratégica de isolamento social tem um custo econômico muito elevado, justificando a busca permanente de protocolos seguros de retomada das atividades produtivas. “A preservação da vida, do emprego e da renda é o grande desafio imposto por essa crise sanitária”, salienta a especialista da FIEMG. Com base em dados da Universidade de Oxford, verificou-se que um aumento de 10% do isolamento social eleva a queda da atividade econômica em 4%, na média. Em países como a França e a Espanha, essa queda é de 6% e 8%, respectivamente.

A despeito destas evidências, alguns estudos tentam demonstrar que as medidas de isolamento social diminuem as perdas econômicas ao evitar o adoecimento ou a morte de trabalhadores. “Há uma grande inconsistência nesse tipo estudo. Eles desconsideram que a quantidade de profissionais que se afastam das atividades laborais em função do isolamento social é inúmeras vezes maior que a quantidade dos que serão acometidos pela Covid-19, e que, mão de obra parada, gera enormes perdas econômicas.”, pondera Britto.

Recuperação

Segundo dados do IBGE, em março, o Brasil perdeu 1,2 milhão de empregos, 220 mil em Minas Gerais. “Juntamente com as perdas de vidas, o aumento do desemprego é a outra face cruel dessa crise. A piora do mercado de trabalho, que já tem 12 milhões de desempregados, impõe mais dificuldades de recuperação pós pandemia, apesar de todos os esforços do poder público. Algumas empresas vão desaparecer, desestruturando cadeias produtivas e piorando as condições financeiras das famílias, das empresas e do próprio governo”, contextualiza e economista da FIEMG.

Britto aponta ainda números preocupantes para a economia. “Com isso, projetamos uma queda de 5,7% do PIB do Brasil e de 7,0% do PIB de Minas Gerais em 2020, com uma recuperação lenta, prevista para meados de 2022”, afirma. 

Segundo o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, o momento agora é de agir com racionalidade para minimizar os impactos desta crise. “É hora de se planejar a retomada segura da atividade, com consciência e proteção”. O líder industrial defende que é preciso dosar as ações para evitar maior impacto negativo na economia. “Minas Gerais se preparou, fez hospital de campanha, empresas fizeram máscaras, a produção de álcool em gel é suficiente e a FIEMG apoiou prontamente todas essas medidas. O momento agora é de planejar e usarmos a inteligência”, afirmou.

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